30.10.2014 Views

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

71<br />

afirmação será melhor <strong>de</strong>senvolvida no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> presente tópico, por ora, o objetivo<br />

principal é apresentação das características da vonta<strong>de</strong> geral.<br />

Passan<strong>do</strong> para a análise <strong>do</strong> Livro 2, on<strong>de</strong> se encontra a maior concentração <strong>do</strong>s<br />

fragmentos teóricos que tratam da vonta<strong>de</strong> geral, Rousseau afirma que “A primeira e mais<br />

importante conseqüência <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong>s princípios até aqui estabeleci<strong>do</strong>s é que só a vonta<strong>de</strong><br />

geral po<strong>de</strong> dirigir as forças <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua instituição, que é o<br />

bem comum” (ROUSSEAU, 1983, p.43). Essa passagem nos dá mais duas características da<br />

vonta<strong>de</strong> geral. Dizer que a vonta<strong>de</strong> geral dirige as forças <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, é dizer que a vonta<strong>de</strong><br />

geral conduz o Esta<strong>do</strong>, pois ela é que o manobra, que o guia, que o transporta, porque tem as<br />

forças <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> sob seu coman<strong>do</strong>. A vonta<strong>de</strong> geral incorpora essas forças e se transforma em<br />

uma força ainda maior, uma força soberana. Constatan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o po<strong>de</strong>r que pertence à vonta<strong>de</strong><br />

geral, questiona-se: será que a vonta<strong>de</strong> geral tu<strong>do</strong> po<strong>de</strong>? A resposta a esta questão é negativa:<br />

não, a vonta<strong>de</strong> geral não po<strong>de</strong> tu<strong>do</strong>! Essa é a segunda característica retirada <strong>do</strong> fragmento<br />

acima <strong>de</strong>scrito, qual seja, a vonta<strong>de</strong> geral <strong>de</strong>ve visar o bem comum. Para ser plena da força <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> a vonta<strong>de</strong> geral tem que ter como principal interesse e como principal fim a busca <strong>do</strong><br />

bem comum, e por isso, não está à vonta<strong>de</strong> geral autorizada a agir fora <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> bem<br />

comum 63 .<br />

Des<strong>de</strong> que voltada para o bem comum a vonta<strong>de</strong> geral é plena <strong>de</strong> força, mas como<br />

se exterioriza? Como se manifesta essa vonta<strong>de</strong>? Essas questões são respondidas por<br />

Rousseau, no momento que este disserta sobre a soberania, e traz uma importante informação,<br />

atrelada a vonta<strong>de</strong> geral: “Afirmo, pois que a soberania, não sen<strong>do</strong> senão o exercício da<br />

vonta<strong>de</strong> geral, jamais po<strong>de</strong> alienar-se [...]” (ROUSSEAU, 1983, p. 43/44). O que Rousseau<br />

quer dizer é que a soberania é a vonta<strong>de</strong> geral posta em prática. A vonta<strong>de</strong> geral se exterioriza<br />

através da soberania, ou seja, a vonta<strong>de</strong> geral na teoria é vonta<strong>de</strong>, mas quan<strong>do</strong> é aplicada ao<br />

plano prático se transfigura em soberania, que seria uma espécie <strong>de</strong> face empírica da vonta<strong>de</strong><br />

geral. É, portanto, correto afirmar que vonta<strong>de</strong> geral (vista pela la<strong>do</strong> prático) é também<br />

soberania, o que implica em dizer que a vonta<strong>de</strong> geral tem primazia, tem autorida<strong>de</strong>, possui o<br />

po<strong>de</strong>r supremo, o que coaduna com a afirmação anterior <strong>de</strong> que a vonta<strong>de</strong> geral é plena <strong>de</strong><br />

força, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong> que voltada para o bem comum, pois reúne as forças <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em si.<br />

Outra característica da vonta<strong>de</strong> geral, além da obrigatorieda<strong>de</strong> é que ela nem<br />

sempre precisa ser unânime: “existe uma única lei, que pela sua natureza, exige<br />

consentimento unânime – é o pacto social, por ser a associação civil o mais voluntário <strong>do</strong>s<br />

63 Ver item 2.6.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!