30.10.2014 Views

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

jaqueline fátima roman fundamentos de legitimidade do ... - Unioeste

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

51<br />

simples, e assim sen<strong>do</strong>, nesse esta<strong>do</strong>, alguns tem muito mais <strong>do</strong> que precisam, enquanto<br />

outros não possuem nada, nem mesmo o necessário para po<strong>de</strong>rem sobreviver:<br />

Assim os mais po<strong>de</strong>rosos ou os mais miseráveis, fazen<strong>do</strong> <strong>de</strong> suas forças ou <strong>de</strong> suas<br />

necessida<strong>de</strong>s uma espécie <strong>de</strong> direito ao bem alheio, equivalente, segun<strong>do</strong> eles ao <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>, seguiu-se a rompida igualda<strong>de</strong> a pior <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m [...] A socieda<strong>de</strong><br />

nascente foi colocada no mais tremen<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> guerra [...] os ricos logo<br />

perceberam quanto lhes era <strong>de</strong>svantajosa uma guerra perpétua cujos gastos só eles<br />

pagavam e na qual tanto o risco da sua vida como o <strong>do</strong>s bens particulares eram<br />

comuns [...] (ROUSSEAU, 1983, p. 268).<br />

Há, portanto, com o advento da proprieda<strong>de</strong> uma ruptura <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> natural, e das<br />

características apresentadas pelo homem virtual <strong>de</strong>sse esta<strong>do</strong>, e o conseqüente advento <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> social. Essa ruptura traz várias conseqüências negativas, <strong>de</strong>ntre elas, os já cita<strong>do</strong>s:<br />

enfraquecimento físico <strong>do</strong> homem, nascimento <strong>de</strong> vícios até então inexistentes, e o acréscimo<br />

<strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>s (muitas <strong>de</strong>las consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong>snecessárias), que são criadas pela busca da<br />

consi<strong>de</strong>ração e <strong>do</strong> reconhecimento, pois o homem social convive sob a tirania da opinião<br />

alheia:<br />

A mola propulsora da vida em socieda<strong>de</strong>, que acaba por converter o amor-<strong>de</strong>-si em<br />

amor próprio, é a tirania da opinião. Viver em socieda<strong>de</strong> nestas condições, é dar-se<br />

em espetáculo para o outro [...] e o parecer feliz será mais importante <strong>do</strong> que a<br />

própria felicida<strong>de</strong> (SALINAS FORTES, 1997, p.126).<br />

Dessa ruptura da or<strong>de</strong>m natural resultante <strong>do</strong> advento da proprieda<strong>de</strong>, e <strong>do</strong><br />

posterior esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> guerra, houve por certo, aqueles que conseguiram usurpar mais bens, e<br />

aqueles que usurparam menos, ou nada. Os primeiro tornam-se ricos, e os <strong>de</strong>mais, pobres. A<br />

manutenção <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> guerra, po<strong>de</strong>ria fazer com que os pobres conseguissem retomar o<br />

que havia si<strong>do</strong> usurpa<strong>do</strong>, enquanto que aqueles que já possuíam tu<strong>do</strong>, só teriam a<br />

<strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rem per<strong>de</strong>r. Fica claro, que com a manutenção <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> guerra,<br />

são os ricos que mais têm a per<strong>de</strong>r. Assim, para evitar a usurpação da usurpação, os ricos<br />

propõem um pacto: “unamo-nos, disse-lhes, para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os fracos da opressão, conter os<br />

ambiciosos e assegurar a cada um a posse daquilo que lhe pertence” (ROUSSEAU, 1983, p.<br />

269). Esse pacto proposto pelos ricos, foi <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> pacto ilegítimo pelas razões que<br />

seguem:<br />

Nota-se que o pacto proposto pelos ricos, sob o pretexto <strong>de</strong> proporcionar<br />

segurança, e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a to<strong>do</strong>s da ambição alheia, a fim <strong>de</strong> garantir a to<strong>do</strong>s a posse <strong>do</strong> que lhe<br />

pertence, somente beneficiou seus proponentes ou seja, aos ricos. Eles per<strong>de</strong>riam mais com o<br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> guerra instala<strong>do</strong> na socieda<strong>de</strong> nascente, pois a proposta que cada um conserve o que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!