<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>II</strong> Simpósio <strong>Winnicott</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> - <strong>Winnicott</strong> na história da Psicanáliseobserva<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> ambiente da UTI Neo, a mulher geralmente se apropria <strong>do</strong>sentimento <strong>de</strong> ser mãe, após ser possibilita<strong>do</strong> pela equipe o espaço para que esta,mesmo em quadros clínicos graves, realize pequenos cuida<strong>do</strong>s, ou seja, proporciona<strong>do</strong>para dupla mãe-bebê o méto<strong>do</strong> canguru.Os outros personagens: a equipePo<strong>de</strong> parecer fácil para uma equipe <strong>de</strong> UTI Neonatal lidar com bebês prematurosto<strong>do</strong>s os dias, estes acompanham integralmente to<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> internação eevolução <strong>do</strong> diagnóstico <strong>do</strong> neonato até a alta hospitalar ou, em alguns casos maisgraves, ate o óbito. Entretanto, estes profissionais sofrem juntamente com os pais asperdas e compartilham os ganhos que está unida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> trazer em apenas alguns diasou meses <strong>de</strong> internação. Cada progresso <strong>do</strong> bebê é senti<strong>do</strong> com alegria e ar<strong>do</strong>r; cadadano é senti<strong>do</strong> com tristeza e pesar.Assim a equipe multidisciplinar compartilha os mesmos sentimentos epensamentos que atravessam a mente da família: me<strong>do</strong>, ansieda<strong>de</strong>, preocupação, raiva,tristeza, culpa, entre outros. A equipe <strong>de</strong> enfermagem e os auxiliares <strong>de</strong> enfermagem sãoos profissionais que ficam a maior parte <strong>do</strong> tempo com os bebês, pois eles trabalham emvários turnos e também plantões. Durante a troca <strong>de</strong> plantão, existem instruçõesespecíficas em diferentes serviços, neste momento os pais ficam impossibilita<strong>do</strong>s <strong>de</strong>entrarem na unida<strong>de</strong>, fato este que é gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s conflitos entre equipe e família.Como po<strong>de</strong>mos ver o trabalho <strong>de</strong>stes profissionais exige além <strong>de</strong> conhecimentostécnicos específicos - em relação à <strong>de</strong>dicação e atenção total a estes bebês-, tambémexige tato e compreensão <strong>de</strong>stes em relação aos pais.Ao observar este relacionamento entre pais e equipe presentes na UTI Neo,alguns pontos foram visualiza<strong>do</strong>s tais como a questão da frustração e da culpa que surgequan<strong>do</strong> o quadro clínico <strong>do</strong> bebê piora; neste momento a equipe por me<strong>do</strong> <strong>de</strong> seremreprova<strong>do</strong>s e/ou julga<strong>do</strong>s como profissionais, às vezes omitem algumas informações aospais. Bem como, o fato <strong>de</strong> alguns membros da equipe assumirem a responsabilida<strong>de</strong> quelhe é <strong>de</strong>signada <strong>de</strong> tal maneira que as mesmas se apropriam <strong>do</strong>s bebês sentin<strong>do</strong>-se mãe<strong>de</strong>ste, não permitin<strong>do</strong> que a verda<strong>de</strong>ira mãe realize cuida<strong>do</strong>s básicos como dar banho etrocar as fraldas, mesmo que o bebê e a mãe tenham condições para a realização <strong>de</strong>stasfunções. Vemos que a realização <strong>do</strong>s pequenos cuida<strong>do</strong>s em seus bebês, para as mães,são <strong>de</strong> suma importância, pois possibilita a vinculação entre mãe-bebê.Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>128
<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>II</strong> Simpósio <strong>Winnicott</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> - <strong>Winnicott</strong> na história da PsicanáliseUm último ponto a ser coloca<strong>do</strong> em evidência, é o fato <strong>do</strong>s questionamentos dafamília entorno da atuação profissional da equipe, este fato <strong>de</strong>sorganiza os profissionaisda unida<strong>de</strong>, a ponto <strong>de</strong>stes diminuírem a atenção dada aos pais, não respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a seusquestionamentos, provocan<strong>do</strong> na mãe mais angústias e fantasias.Referências BibliográficasALMEIDA, M. L. D. V. Grupo criar-te: a criativida<strong>de</strong> em UTI neonatal. In: ARAGÃO,R.O. (org.) O bebê, o corpo e a linguagem. São Paulo: Casa <strong>do</strong> Psicólogo, 2004.BARTILOTTI, M. R. M. B. Obstetrícia e Ginecologia: urgências psicológicas. SãoPaulo: Pioneira, 1998.BRAGA, N. A. e MORSH, D. S. Os primeiros dias na UTI. In: BRAGA, N. A.,MOREIRA, M. E. L e MORSH, D.S (Org.). Quan<strong>do</strong> a vida começa diferente: O bebê esua família na UTI Neonatal. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2006.CARON, N.A. O Ambiente Intra-Uterino e a Relação Materno-Fetal. In: N.A.Caron(Org) A relação pais-bebê: da observação à clínica. São Paulo: Casa <strong>do</strong> Psicólogo,2002.CARVALHO, M. Prefácio. In: BRAGA, N. A., MOREIRA, M. E. L e MORSH, D. S(Org.). Quan<strong>do</strong> a vida começa diferente: O bebê e sua família na UTI Neonatal. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 2006.CUNHA, I. A mãe, o recém-nasci<strong>do</strong> <strong>de</strong> muito baixo peso e a interação: uma novaperspectiva para os cuida<strong>do</strong>res da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tratamento Intensivo Neonatal. In:ARAGÃO, R. O. (org.). O bebê, o corpo e a linguagem. São Paulo: Casa <strong>do</strong> Psicólogo,2004.FELICE, E. M. A Psicodinâmica <strong>do</strong> Puerpério. São Paulo, Editora: Vetor, 2000.SOIFER, R. <strong>Psicologia</strong> da Gravi<strong>de</strong>z, Parto e Puerpério. 4ª Ed. Porto Alegre: ArtesMédicas, 1986.STERN, D. A constelação da maternida<strong>de</strong>: O panorama da psicoterapia pais/bebê.Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1997.WINNICOTT, D. W. A Preocupação Materna Primária In: Da Pediatria à Psicanálise.Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1978.Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>129