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Anais do II Simpósio Winnicott de Londrina - BVS Psicologia ...

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>II</strong> Simpósio <strong>Winnicott</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> - <strong>Winnicott</strong> na história da Psicanáliseprimeiros encontros, ele, sem perceber, relata sobre seu gran<strong>de</strong> temor da morte. Porvezes, ele me dizia o quanto queria po<strong>de</strong>r constituir uma família, ter seus filhos e umacasa com um gran<strong>de</strong> aquário; dizia, também, como se achava novo para morrer; quetinha muito ainda que viver. Douglas me relatou, ainda, <strong>do</strong> me<strong>do</strong> que tinha em serassalta<strong>do</strong> e <strong>de</strong> que o ladrão, ao a<strong>de</strong>ntrar em sua casa, pu<strong>de</strong>sse, ao final <strong>do</strong> roubotambém, matá-lo – algo que, no entanto, ele não tem trazi<strong>do</strong> mais em sessão. Ele tinhame<strong>do</strong> <strong>de</strong> lugares escuros, <strong>de</strong> vielas que não conhecia: suspeitava que ali estariaescondi<strong>do</strong> um ladrão que po<strong>de</strong>ria atentar contra sua vida. Em momentos posteriores, fui<strong>de</strong>scobrir que essa fantasia também era nutrida por sua mãe, que sempre lhe dizia <strong>do</strong>risco que tinha <strong>de</strong> ele ser assalta<strong>do</strong> e, também, <strong>de</strong> vir a ser morto pelo ladrão.Douglas não pô<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver, pois sua mãe não teve condições <strong>de</strong> lhe darholding. Por isto ele sentia-se persegui<strong>do</strong> pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> morte. Se não bastasse,Douglas me relata um episódio com sua irmã, aproximadamente um ano mais velha <strong>do</strong>que ele: ela o ataca com uma faca, supostamente por ele ter <strong>de</strong>struí<strong>do</strong> os seus esmaltes.Neste dia, Douglas se levanta, aproxima-se <strong>de</strong> mim e levanta a blusa, mostran<strong>do</strong>-me amarca <strong>de</strong>ixada em sua barriga pela facada da irmã.As falhas da mãe para com seu bebê – e por que não o conjunto <strong>de</strong> falhas eintrusões a que meu paciente foi submeti<strong>do</strong> ao longo <strong>de</strong> sua vida? – impediram oamadurecimento pessoal <strong>de</strong> seu filho. Ao contrário, em seu processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento emocional, principalmente nos momentos emocionais, nomeadamenteno perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência absoluta, Douglas foi leva<strong>do</strong> a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o seu self dasansieda<strong>de</strong>s e angústias, por conta da intrusão <strong>do</strong> ambiente e da falta <strong>de</strong> holding, <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> a criar um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento que impedisse uma intrusão ambiental(PEREIRA e BERLINCK, 2006). Assim, Douglas po<strong>de</strong>ria ser entendi<strong>do</strong> como um bebêque possivelmente viveu permanentemente em seu próprio mun<strong>do</strong> interno, o queimpossibilitou a sua integração. Portanto, a incapacida<strong>de</strong> da mãe <strong>de</strong> prover ao seu bebêum ambiente facilita<strong>do</strong>r surge como um risco <strong>de</strong> interferência no próprio processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento saudável <strong>do</strong> bebê.As alucinações visuaisAinda, po<strong>de</strong>mos pensar em outro sintoma <strong>de</strong> Douglas: a alucinação visual.Segun<strong>do</strong> seu relato, ele vê <strong>do</strong>is homens, um <strong>de</strong> branco e outro <strong>de</strong> preto, quepermanecem ao seu re<strong>do</strong>r na escola. Com isto, po<strong>de</strong>mos inferir um fracasso nas relaçõesobjetais <strong>do</strong> indivíduo, nas quais ele <strong>de</strong>senvolve um outro tipo <strong>de</strong> relação com a ilusão,Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>179

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