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Anais do II Simpósio Winnicott de Londrina - BVS Psicologia ...

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>II</strong> Simpósio <strong>Winnicott</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> - <strong>Winnicott</strong> na história da Psicanáliseque não aquela vivida com os objetos transicionais. Se pensarmos, ainda, em termos <strong>de</strong>psicose, na qual a criança se relaciona com o mun<strong>do</strong> subjetivo ou com um objeto fora<strong>do</strong> self, o que po<strong>de</strong>mos constatar é uma realida<strong>de</strong> subjetiva: as organizações psíquicasinternas passam a ser compartilhadas com a realida<strong>de</strong> externa (PEREIRA eBERLINCK, 2006).Aos poucos, Douglas trouxe-me esse seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento. Fomosconversan<strong>do</strong>, jogan<strong>do</strong>, até que um dia senti que podia pedir que ele <strong>de</strong>senhasse o que elevia na escola. Senta<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>is no chão, eu lhe <strong>de</strong>i um gran<strong>de</strong> papel craft, tintas epincéis, para que pudéssemos nos comunicar melhor. A princípio, ele se mostrouresistente por conta <strong>de</strong> seu sonho anterior à sessão, o <strong>de</strong> que ele estava pintan<strong>do</strong> a suacasa e que havia feito muita bagunça para pintar, mas logo se pôs a fazer. Douglas<strong>de</strong>senhou um “homem” branco e um “homem” preto. Eu pedi, então, que ele retratassecomo se sentia com tu<strong>do</strong> aquilo. Assim, no meio <strong>do</strong>s “homens”, ele <strong>de</strong>senhou, com aminha ajuda, um coração cindi<strong>do</strong>. Ele me disse que se sentia mal, que o seu coração erato<strong>do</strong> preto, mas que agora, aos poucos, ele estaria fican<strong>do</strong> vermelho.Na sessão seguinte, orientada por minha supervisora, levei novamente o <strong>de</strong>senhoe então fiz algumas consi<strong>de</strong>rações sobre ele. Abri-o e fui aos poucos dizen<strong>do</strong> sobrecomo me parecia que era difícil aceitar que não somos apenas bons, que temos o nossola<strong>do</strong> mal também. E que talvez estivesse muito difícil <strong>de</strong> suportar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le esses <strong>do</strong>isla<strong>do</strong>s. Essa sessão foi muito difícil para Douglas, que permaneceu praticamente to<strong>do</strong> oencontro sem manter contato visual ou verbal comigo. Quan<strong>do</strong> eu o questiono se euestava falan<strong>do</strong> ali alguma besteira, ele acena com a cabeça dizen<strong>do</strong> que não, e, emseguida, me diz que tem algo preso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si e que não sabia o que fazer com aquilo.Eu então digo que talvez isso que estava preso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le não <strong>de</strong>ixava que elecontinuasse a viver, que isso o mantinha preso na sétima série, preso nas suasdificulda<strong>de</strong>s.Hoje, Douglas relata não ver mais os <strong>do</strong>is “homens”. Penso que, neste caso, oholding tem si<strong>do</strong> fundamental <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, mas que há, é claro, muito a ser cuida<strong>do</strong>,há muito a se dar suporte. Há muito ainda a ser conquista<strong>do</strong>. E continuo ten<strong>do</strong> tenhomuito a apren<strong>de</strong>r com Douglas. Acredito que o holding ainda continuará sen<strong>do</strong> a melhorestratégia nesse caso, e que é preciso, também, ficar atenta quanto aos contornos <strong>de</strong> umaprovável psicose. Conforme afirma <strong>Winnicott</strong>: “A psicose representa uma organizaçãodas <strong>de</strong>fesas, e por trás <strong>de</strong> toda <strong>de</strong>fesa organizada há a ameaça <strong>de</strong> confusão, que constituiUniversida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>180

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