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Anais do II Simpósio Winnicott de Londrina - BVS Psicologia ...

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>II</strong> Simpósio <strong>Winnicott</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> - <strong>Winnicott</strong> na história da PsicanáliseAo praticar psicanálise, tenho o propósito <strong>de</strong>:me manter vivo;me manter bem;me manter <strong>de</strong>sperto.(D. W. <strong>Winnicott</strong>)On<strong>de</strong> estou? E on<strong>de</strong> me acho? Lispector nos disse que “to<strong>do</strong> momento <strong>de</strong> acharé um per<strong>de</strong>r-se a si próprio”. Então, se quan<strong>do</strong> tento me encontrar, me perco, quemsou? E se nada encontrar, a não ser o vazio? E se o vazio for <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> paracaber no encontro? Com o quê fico? Temos me<strong>do</strong> <strong>de</strong> cair, <strong>de</strong> cair e nunca maisconseguir encontrar a nós mesmos. Encontrar po<strong>de</strong> ser encontrar o fio, o pequeno fiofino e tênue que nos liga a nós mesmos. É por esse fio que clamamos! É esse o fim quequeremos para a nossa história. Nas palavras <strong>de</strong> <strong>Winnicott</strong>, “que possamos estar vivosno momento <strong>de</strong> nossa morte.” Estar vivo e po<strong>de</strong>r viver. Viver, e não sobreviver. Viver esentir, com tu<strong>do</strong> o que isso po<strong>de</strong> causar. Estar vivo significa morrer a cada dia, e acada dia encontrar o fio tênue que dá senti<strong>do</strong> a nossa existência. Sen<strong>do</strong> assim, cada diaé um encontro. Um encontro com nós mesmos, com o inespera<strong>do</strong>, com o vazio e com oque po<strong>de</strong> emergir <strong>de</strong>sse mar tão escuro. Pura água e escuridão. Procurar análise po<strong>de</strong>estar aí incumbi<strong>do</strong>: na tarefa <strong>de</strong> nos mantermos vivos, <strong>de</strong>spertos, bem. Felizes, talvez.Talvez felicida<strong>de</strong> possa ser encontrar o verda<strong>de</strong>iro senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> estar vivo, <strong>de</strong> ter forçaspara batalhar pela guerra da existência to<strong>do</strong>s os dias. E precisamos <strong>de</strong> ajuda para isto,pois a guerra da existência é dura, e sempre será, e o ser humano, nas palavras <strong>de</strong>Hei<strong>de</strong>gger, “é essencialmente necessita<strong>do</strong> <strong>de</strong> ajuda, por estar sempre em perigo <strong>de</strong> seper<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> não conseguir dar conta <strong>de</strong> si mesmo” (HEIDEGGER apud DIAS, 2002, p.350).A análise, em seus primórdios freudianos, se constitui no méto<strong>do</strong> que, porexcelência, é a interpretação <strong>do</strong> conflito reprimi<strong>do</strong> inconsciente. Sen<strong>do</strong> o conflitointerpreta<strong>do</strong>, o indivíduo po<strong>de</strong> sentir-se cura<strong>do</strong>, pois, ao falar e receber a interpretação<strong>do</strong> analista, o conflito – que antes era inconsciente – torna-se consciente e assim, po<strong>de</strong>ser trabalha<strong>do</strong>. Mas até que ponto a cura também impulsiona para um crescimento? Atéque ponto o conflito inconsciente interpreta<strong>do</strong> traz o sentimento <strong>de</strong> que somos reais?Até que ponto po<strong>de</strong>mos ser sustenta<strong>do</strong>s pelo analista, no lugar da mãe suficientementeboa que não tivemos, ou que tivemos e per<strong>de</strong>mos?O analista não é apenas o ouvi<strong>do</strong> que escuta, mas a mão que toca, os braços queabraçam, os olhos que se enchem <strong>de</strong> expressão e a boca, que sorri e fala. O analista estávivo, e, estan<strong>do</strong> vivo, se faz presente, não apenas com as interpretações, mas com oambiente favorável que po<strong>de</strong> proporcionar que o paciente sinta-se acolhi<strong>do</strong> e possa,então, falar daquilo que angustia e sufoca. O analista é aquele que, treina<strong>do</strong> para ouvir,ouve. Mas também é aquele que, não ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> treina<strong>do</strong> para ter sensibilida<strong>de</strong>, ésensível. O analista é aquele que se interessa <strong>de</strong>sinteressan<strong>do</strong>-se, que mantém o olhar,Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>145

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