<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>II</strong> Simpósio <strong>Winnicott</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> - <strong>Winnicott</strong> na história da Psicanáliseestá perto <strong>de</strong>le, não tem olhos para mais ninguém, é como se as outras pessoas<strong>de</strong>saparecessem” tal qual o retrata<strong>do</strong> em seu cartaz sobre o passa<strong>do</strong>, vazio <strong>de</strong> outrasrepresentações afetivas humanas, a não serem as duas “mãos”.Aqui se po<strong>de</strong> constatar que a a<strong>do</strong>lescente está fazen<strong>do</strong> um movimento <strong>de</strong> escolha<strong>de</strong>fensiva diante da “perda <strong>do</strong> pai”, recusan<strong>do</strong>-se a abrir mão daquele que se enquadrounos clichês estereotípicos recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s pais na infância e frente à própria sexualida<strong>de</strong>.A figura paterna, fria e distante, “ditou” a escolha <strong>de</strong> alguém que a ele se assemelhasse,bem como a figura materna, “viúva <strong>de</strong> mari<strong>do</strong> vivo” também serve <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>loi<strong>de</strong>ntificatório para a a<strong>do</strong>lescente, que optou inconscientemente por permanecer viúva<strong>de</strong> um ex-namora<strong>do</strong> existente, mas não mais aberto para a relação com ela.Subjaz aqui na realida<strong>de</strong> um resquício <strong>de</strong> teorias infantis bissexuais, on<strong>de</strong> o<strong>de</strong>sistir <strong>do</strong> amor bissexual seria lidar com a perda objetal edípica, per<strong>de</strong>r uma espécie <strong>de</strong>suporte simbólico para a <strong>de</strong>sistência da própria bissexualida<strong>de</strong>, ou seja, <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>rmais ter tanto o amor <strong>do</strong> pai quanto o da mãe. Ir ao encontro <strong>do</strong> seu próprio amorgenital e enfrentar os revezes <strong>de</strong> tal feito.Faz-se necessário ressaltar que tratar das questões transicionais <strong>do</strong> “luto pelabissexualida<strong>de</strong>”, a partir da própria temporalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sujeito, <strong>de</strong>ntro da temporalida<strong>de</strong>transicional <strong>do</strong> grupo <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes em processo <strong>de</strong> escolha profissional, é po<strong>de</strong>rconfirmar neste processo que os a<strong>do</strong>lescentes po<strong>de</strong>m experienciar todas ascaracterísticas e nuances daquelas <strong>de</strong>nominadas como da “Síndrome Normal daA<strong>do</strong>lescência”.E que o mesmo torna-se o mote da questão nesta ida<strong>de</strong>, como via <strong>de</strong>aproximação ao real. Ainda que o “paradigma” <strong>do</strong> ir e vir a<strong>do</strong>lescencial coexista comto<strong>do</strong>s os lutos <strong>de</strong>sta fase da existência, são perpassa<strong>do</strong>s pela flui<strong>de</strong>z da dinâmicaedípica, e não <strong>de</strong> uma rígida estrutura edípica. Assim, o grupo constitui e se constróicomo o Espaço Temporal Transicional (conceito novo que tem si<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>incluin<strong>do</strong> a questão <strong>do</strong> tempo (ou da temporalida<strong>de</strong>) no espaço transicional), para umanecessária transição ao mun<strong>do</strong> externo, para o alcance <strong>de</strong> um “suposto e autêntico Selfadulto” (ALMEIDA e AMARO, prelo).ReferênciasABERASTURY, A. e cols. A<strong>do</strong>lescência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>90
<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>II</strong> Simpósio <strong>Winnicott</strong> <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong> - <strong>Winnicott</strong> na história da PsicanáliseABERASTURY, A., KNOBEL, M. A<strong>do</strong>lescência normal: um enfoque psicanalítico.Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.ABREU, R. E. S. Influência da Família, da Escola e da Escolha profissional naDeterminação <strong>do</strong> Perfil Psicossocial <strong>do</strong>s A<strong>do</strong>lescentes. Dissertação (Mestra<strong>do</strong> emEducação). <strong>Londrina</strong>: Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>, 1999.ALMEIDA, R. E. S. Os Caminhos da Depressão e sua Cartografia na A<strong>do</strong>lescência eInício da Adultez. Tese (Doutora<strong>do</strong> em <strong>Psicologia</strong>). Campinas: PUCCAMP, 2006.ALMEIDA, R. E. S.; AMARO, M. C. P. O grupo como espaço transicional para jovensfrente à questão da escolha vocacional e profissional. (Capítulo <strong>de</strong> livro) No prelo.ARIAS, J. A. Concepções <strong>de</strong> Temporalida<strong>de</strong> e Suicídio na A<strong>do</strong>lescência. In:OUTEIRAL, J. (org.). Clínica psicanalítica <strong>de</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Revinter, 1998.AYRES, M. P. O Grupo Como Espaço Transicional no Processo a<strong>do</strong>lescente -Abordagem a partir <strong>de</strong> Um Caso Clínico. In: OUTEIRAL, J. O. (Org.) ClínicaPsicanalítica <strong>de</strong> Crianças e A<strong>do</strong>lescentes. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Revinter, 1998.DIAS, E. O. A Teoria <strong>do</strong> Amadurecimento <strong>de</strong> D.W.<strong>Winnicott</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imago,2003.GROLNICK, S. A. <strong>Winnicott</strong> - o trabalho e o brinque<strong>do</strong>: uma leitura introdutória. PortoAlegre: Artes Médicas, 1993.OUTEIRAL, J. O. A<strong>do</strong>lescer: estu<strong>do</strong>s sobre a a<strong>do</strong>lescência. Porto Alegre: ArtesMédicas, 1997.OUTEIRAL, J. L. e GRAÑA; R. Donald W. <strong>Winnicott</strong>: Estu<strong>do</strong>s. Porto Alegre, ArtesMédicas, 1991.OUTEIRAL, J. O. e HISADA, S. e GABRIADES, R. <strong>Winnicott</strong> - Seminários Paulistas.São Paulo: Casa <strong>do</strong> Psicólogo, 2001.RUBINSTEIN, G. H. Reflexões acerca da Prática Psicanalítica com PacientesA<strong>do</strong>lescentes. In: Outeiral, J. Clínica Psicanalítica <strong>de</strong> Crianças e A<strong>do</strong>lescentes. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Revinter, 2005.Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Londrina</strong>91