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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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suportam o peitoril das estantes que servem às cadeiras altas, sucedendo-se numa parada<br />

de figuras régias e militares de particular interesse simbólico. Talvez por estarem<br />

imediatamente à vista de quantos se encontrassem no espaço coral, porém, já fora do<br />

domínio desse profano absolutamente vernacular das misericórdias e apoia-mãos, estas<br />

esculturas tenham recebido particular cuidado por parte dos executantes, mais até do<br />

que as próprias esculturas de figuras religiosas que pontuam a cimalha (que apresentam<br />

também uma qualidade desigual), constituindo porventura o conjunto de melhor<br />

qualidade escultórica do cadeiral. Obviamente, a qualidade de execução e a perícia<br />

escultórica que temos vindo a referir repetidamente, não são em si mesmas critérios<br />

qualitativos para a avaliação do valor ou relevância dos diversos elementos decorativos<br />

do cadeiral. Elas servem, sim, como referências necessárias à compreensão dos níveis<br />

hierárquicos que, do ponto de vista da aprendizagem e da distribuição do trabalho, se<br />

terão estabelecido na equipa dirigida por Machim em Coimbra. Ainda assim, são<br />

referências vagas, que apenas nos permitem inferir acerca da actuação de um escultor de<br />

maior ou menor experiência, maior ou menor proficiência, e raramente destrinçar, <strong>entre</strong><br />

essa indefinição, se estamos perante obras atribuíveis ao próprio Mestre, a um seu<br />

potencial colaborador ou parceiro, a um oficial mais ou menos qualificado ou de um<br />

aprendiz.<br />

Neste sentido, a óptima qualidade que surge como regra com muito poucas<br />

excepções neste conjunto de atlantes, pese embora a mutilação de que alguns já foram<br />

alvo, concorre para a sua atribuição a uma mão particularmente experiente e/ou<br />

proficiente, que poderá muito bem ser a de Machim ou a de um dos seus oficiais, ou de<br />

ambos, já que o número elevado de imagens torna compreensível a necessidade de<br />

alguma colaboração.<br />

Ascendendo ao nível da decoração vegetalista e da simbólica régia, a atribuição<br />

de autorias diversas torna-se tão impossível quanto desnecessária. De facto, a óptima<br />

execução da decoração dos colunelos, das esferas armilares e escudos régios, das<br />

complexas molduras de enrolamentos vegetalistas, de arcaturas e rendilhados, bem<br />

como dos frisos que sobrepujam o dossel, ou das coroas que literalmente coroam cada<br />

um dos quadros de paisagens urbanas e portuárias, não invalida a participação de<br />

qualquer um dos elementos da equipa de Machim. O domínio das técnicas básicas de<br />

talhe necessárias à execução satisfatória dos elementos decorativos das peças de<br />

mobiliário que tanto carpinteiro, como marceneiros e ensambladores tinham de criar,<br />

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