Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...
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Coimbra a Tomar a ao Funchal, mestre Machim Fernandes tinha, enfim, oportunidade<br />
de aplicar em grande escala as suas concepções sobre um espaço religioso que não<br />
ficava atrás da catedral de Toledo de onde viera.” 145<br />
1.1.3. Algumas questões historiográficas<br />
Concluída a proposta de um percurso cujas linhas, ainda que frequentemente<br />
vinculadas ao campo da hipótese, nos parecem as mais viáveis, não podemos deixar de<br />
dedicar a nossa atenção a algumas questões de cariz historiográfico que têm pontuado as<br />
referências feitas ao longo do tempo ao cadeiral e sobretudo aos artistas que nele<br />
trabalharam ou terão trabalhado. Neste contexto, ser-nos-á inevitável abordar, em<br />
primeiro lugar, a possibilidade da identificação do Machim entalhador com o Machim<br />
pedreiro que surge igualmente documentado em algumas obras coevas para, em<br />
seguida, passarmos à questão da suposta intervenção de João Alemão no cadeiral crúzio.<br />
Ainda que de forma por vezes intermitente, autores como Vergílio Correia e<br />
Pedro Dias, defenderam a identificação do “Machim” indicado no treslado de 1559 do<br />
contrato <strong>entre</strong> o prior D. Pedro Gavião e Diogo Boytac que acontecera em 1513, com o<br />
“Machi pedreiro”, autor do frontal de altar da Sé de Braga, cuja presença nessa cidade<br />
está documentada em 1510 pela concessão de um prazo de casas pelo próprio Arcebispo<br />
de Braga, D. Diogo de Sousa, e talvez o mesmo referido na documentação datada de<br />
1518, relativa às obras do portal sul do Mosteiro dos Jerónimos 146 .<br />
Efectivamente, qualquer tomada de posição efectiva em relação à identificação<br />
de ambos os indivíduos esbarra numa real impossibilidade de provar cabalmente que as<br />
várias pessoas com nome Machim que surgem nos documentos apontados são um único<br />
indivíduo ou que, pelo contrário, se trata de pessoas diferentes. Isto porque, muito<br />
145 MOREIRA, Rafael. “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p.111.<br />
146 Cf. DIAS, Pedro. A arquitectura de Coimbra na transição do gótico para a renascença 1490-1540.<br />
Coimbra, FLUC, 1982, p. 117; O Brilho do Norte: escultura e escultores do Norte da Europa em<br />
Portugal: Época Manuelina (catálogo). Lisboa, Comissão Nacional para as Comemorações dos<br />
Descobrimentos Portugueses, 1997, p. 238 e 239; A escultura de Coimbra do Gótico ao Maneirismo:<br />
exposição Coimbra, 24-31 de Maio, Refeitório do Mosteiro de Santa Cruz (catálogo). Coimbra, Câmara<br />
Municipal, 2003, p. 86; CORREIA, Vergílio. A escultura em Portugal no primeiro terço do séc. XVI,<br />
“Arte de Arqueologia”, Coimbra, 1930, p. 37; CORREIA, Vergílio, As obras de Santa Maria de Belém,<br />
em “Obras”, vol. III, Coimbra, Por Ordem da Universidade, 1953, pp. 198-200.<br />
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