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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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eforçar essa suspeita subserviência (formal) de um artista em relação ao outro, como<br />

poderá indiciar – ainda que de forma perfeitamente superficial – algum tipo de relação,<br />

profissional ou até mesmo pessoal, <strong>entre</strong> ambos. Efectivamente, se, segundo a<br />

documentação remanescente, em 1513, Boytac começava oficialmente a sua maior<br />

empreitada, Machim estava já a terminar a sua. No entanto, é óbvio que o trabalho do<br />

mestre de pedraria nas obras de Santa Cruz contava já com alguns anos de<br />

desenvolvimento efectivo – e, também neste caso, o ano de 1507, que<br />

significativamente marca o início do priorado de D. Pedro Gavião, volta a assumir<br />

preponderância – pelo que, muito naturalmente, e dada a dimensão das suas<br />

responsabilidades no processo de reconstrução da igreja, ambos se conheceriam há já<br />

algum tempo. Se pudermos imaginar a organização dos vários tipos de actividade<br />

artística que então se desenvolveriam no espaço crúzio como uma espécie de diagrama,<br />

ou como uma árvore de ramificações várias, facilmente podemos vislumbrar o trabalho<br />

das estruturas, e por conseguinte o mestre que as projecta e dirige, como uma espécie de<br />

tronco comum, e os vários trabalhos, de pintura, escultura e, neste caso também de<br />

marcenaria, como as suas ramificações, algo dependentes dos seus desenvolvimentos.<br />

Trabalhando paralelamente, mas distinguindo-se obviamente pelo volume das<br />

respectivas empreitadas, Boytac e Machim poderão ter trabalhado, talvez por um curto<br />

espaço de tempo, numa espécie de parceria – mais burocrática do que propriamente<br />

artística, envolvendo sobretudo questões de contratos, fianças e pagamentos –<br />

semelhante àquela que nitidamente se vislumbra <strong>entre</strong> João de Ruão e Francisco<br />

Lorete 122 , relação esta proporcionada pelo envolvimento comum em novas obras para<br />

Santa Cruz e provavelmente potenciada pela nacionalidade comum. A grande parceria<br />

artística de Machim seria, contudo, estabelecida já fora de Coimbra e não com um<br />

conterrâneo seu mas sim com um português: João do Tojal. Este, de acordo com os<br />

dados compilados por Rafael Moreira, seria o colaborador mais próximo de Machim<br />

com quem estabeleceria uma relação de “dependência não apenas oficinal mas também<br />

estética” 123 , como poderão indicar as diferenças nas remunerações e a sua referência<br />

mais frequente como “carpinteiro”.<br />

Presente em Coimbra até ao início do ano de 1513, envolvido no prestigioso<br />

ciclo de obras régias das quais o mosteiro de Santa Cruz era um alvo mais do que<br />

122 Cf. GARCIA, Prudêncio Quintino. Documentos para as biografias dos artistas de Coimbra, p. 143.<br />

123 MOREIRA, Rafael. “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p.108.<br />

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