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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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previsível, Machim, sendo bem sucedido na concretização da obra do cadeiral de coro,<br />

dificilmente ficaria inactivo ou desaproveitado nesse verdadeiro surto construtivo de<br />

patrocínio régio. Acaba, portanto, por não ser surpreendente encontrá-lo logo de<br />

seguida, ou melhor, em simultâneo com a conclusão da obra crúzia, a iniciar uma<br />

importante empreitada na igreja matriz de São João Baptista em Tomar. Efectivamente,<br />

a 12 de Fevereiro de 1513, surge documentado um pagamento aos carpinteiros de<br />

marcenaria, Machim Fernandes e João do Tojal, pela obra da cancela da pia<br />

baptismal 124 que, obviamente, já haviam concluído. Naquilo que Rafael Moreira<br />

identifica como uma “ascensão geográfica e profissional [que] corresponde ao plano<br />

que fora estabelecido pelo Rei” 125 , Machim encontra-se uma vez mais envolvido numa<br />

renovação generalizada do espaço religioso que implicava uma intervenção múltipla,<br />

quer ao nível das estruturas quer do mobiliário, objectos de culto e decoração, e por isso<br />

mesmo exigia uma articulação eficaz das várias equipas de trabalho envolvidas. Assim,<br />

enquanto a igreja recebia obras de reparação e reformulação várias, Machim e João do<br />

Tojal faziam também reparações no retábulo do altar-mor 126 , executavam o cadeiral 127 e<br />

as caixas para os órgãos criados por Diogo Rombo 128 . Curiosamente, a referência a estas<br />

simples caixas oferece-nos uma série de informações bastante relevantes: em primeiro<br />

lugar, confirma que a colaboração de ambos se estendia efectivamente a obras de<br />

menores dimensões, ou mesmo de reparação; em seguida, informa-nos acerca da divisão<br />

do trabalho, pois os dois carpinteiros de marcenaria apenas contrataram a execução das<br />

caixas, cujo assentamento foi levado a cabo por um carpinteiro de marcenaria do pau;<br />

por fim, confirma o estatuto de Mestre que Machim possuiria já há largos anos, posto<br />

que ele surge aqui também como avaliador do trabalho de outrem.<br />

124 A 12 de Fevereiro de 1513 regista-se o seguinte: “Pagou e deu o recebedor a Machim Frz e a Jõm do<br />

tojall, carpentr.os de maçanarja, de feytyo das grades que fezerã na capella da dita Igreja onde bautizã<br />

840 rs, ysto d‟empreytada”, IAN/TT, Núcleo Antigo, 772, fl. 164, in MOREIRA, Rafael. “Dois<br />

escultores alemães em Alcobaça…”, p.110.<br />

125 MOREIRA, Rafael. “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p.110.<br />

126 A 5 de Março encontra-se registado o pagamento “a machim frz, carpentr.o de maçanarja, seiscentos<br />

rs de hua cresta e hum pilar e hua muldura p.a as grades e p.a a cad.a do altar mor da dita Igreja”,<br />

IAN/TT, Núcleo Antigo, 772, fl. 186, in MOREIRA, Rafael. “Dois escultores alemães em Alcobaça…”,<br />

p.110.<br />

127 Cf. MOREIRA, Rafael. “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p.110.<br />

128 Em 14 de Maio de 1513 regista-se: “Pagou a Machim Frz e a Jõ do tojall, carpentr.os de maçanarya,<br />

mjll e seiscentos rs pola maçanaria que fezerã nos órgãos delRei que fez Djiogo ho Rombo”. A 24 de<br />

Dezembro regista-se o pagamento “a Gil d‟alrem, carpent.o de maçanarja do pau, o aserto que fez aos<br />

orgaãos del Rey mjll rs que foy avaljado per Fernã manhoz e Machim frz”, IAN/TT, Núcleo Antigo, 772,<br />

fls. 242 e 419, in MOREIRA, Rafael. “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p. 110.<br />

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