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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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e 1445 63 , com a multiplicação de elaborados cadeirais e retábulos de matriz flamenga.<br />

Ora, se o reinado de D. Manuel marca a abertura do mercado de arte português à entrada<br />

de artistas e obras provindos desse vastíssimo território que era a Flandres, Coimbra<br />

assume também um lugar de destaque “na aceitação e proliferação da escultura luso-<br />

flamenga […] contribuindo para a difusão de uma estética que chegaria aos pontos<br />

nevrálgicos do país.” 64<br />

Estabelecidas então as linhas de actuação estratégicas, e encontrado um centro de<br />

difusão das novas preferências estéticas potencialmente eficaz, era necessário encontrar<br />

o intermediário ideal para a condução das obras que o rei havia planeado para Santa<br />

Cruz. E independentemente da presença inquestionável de figuras directamente<br />

encarregadas da fiscalização das obras e do estabelecimento da comunicação <strong>entre</strong> o<br />

monarca, os artistas e a própria comunidade religiosa, como os vedores, de que<br />

Gregório Lourenço é sempre o exemplo mais notável, não vemos melhor candidato a<br />

esse papel de intermediário fundamental, com poder de opinião junto do rei, do que o<br />

próprio prior-mor do mosteiro.<br />

Efectivamente, o percurso e a personalidade de D. Pedro Gavião não têm sido,<br />

quanto a nós, suficientemente explorados quando se trata de compreender as empresas<br />

artísticas efectuadas no mosteiro crúzio no início da reforma arquitectónica manuelina.<br />

Embora não seja esta, ainda, a oportunidade de investir nessa exploração, não podemos<br />

deixar de fazer uma breve chamada de atenção para a sua relação com a iniciativa<br />

artística que, embora longe do impulso mecenático de figuras como D. Jorge de<br />

Almeida, por exemplo, não deixa de denunciar um previsível envolvimento nas opções<br />

que, a este nível, se foram tomando para a renovação física de Santa Cruz.<br />

Antes de mais, não será demais insistir na evidência de que a proximidade dos<br />

religiosos de estatuto mais elevado ao círculo régio e à própria pessoa do rei implica<br />

frequentemente uma assimilação (por vezes mútua) de influências, preferências e<br />

projectos – sobretudo quando, à constante presença da Igreja e das igrejas como<br />

principais impulsionadoras e principais consumidoras de arte, se junta um impulso<br />

mecenático régio particularmente enérgico, como aconteceu no reinado de D. Manuel I,<br />

63 Cf. MOREIRA, Rafael. “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p. 95. KRAUS, Dorothy and<br />

Henry. The Gothic Choirstalls of Spain, p. 95.<br />

64 CRAVEIRO, Lurdes, “A escultura das oficinas portuguesas do último gótico”, História da Arte em<br />

Portugal, vol. V, DIAS, Pedro (dir.), Lisboa, Publicações Alfa, 1986, p.111.<br />

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