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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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Estreitamente associada ao projecto gráfico da obra, está a sua materialização<br />

em modelos, geralmente de pequena escala mas por vezes também em tamanho real,<br />

como acontecia com as cadeiras de amostra que os empreiteiros das obras de cadeirais<br />

deveriam submeter à avaliação dos encomendantes, como se verifica através dos<br />

exemplos de Rodrigo Alemán em Ciudad Rodrigo, em 1498 116 , ou da dupla Olivier de<br />

Gand e Fernão Muñoz em Tomar, a partir de 1511 117 .<br />

Após dominar os aspectos estritamente compositivos da obra, era-lhe<br />

obviamente necessário conhecer os materiais, as potencialidades de cada tipo de<br />

madeira, as técnicas básicas de ensamblagem – que poderia ser tarefa de um<br />

ensamblador ou de um carpinteiro, na acepção mais estrita de ambas as designações,<br />

mas que não deixava de ser um aspecto fundamental para a correcta projecção da<br />

dimensão das peças e sobretudo para o seu corte – e ainda os vários tipos de talhe da<br />

madeira, desde altos, baixos e meios relevos a esculturas de vulto.<br />

Como se pode depreender através dos contratos relativos à execução de outros<br />

cadeirais europeus, aos mestres não só cabia a supervisão do trabalho da sua equipa,<br />

como também a execução material de partes muito específicas dos conjuntos de talha.<br />

Desta forma, permaneceram algumas indicações relativas ao pagamento, ao dia ou<br />

mesmo à peça, de esculturas expressamente encomendadas ao mestre e não a qualquer<br />

outro oficial 118 , que não só nos revelam que as exigências de exercício exclusivo do<br />

ofício para o qual determinado oficial havia sido examinado não tinham uma aplicação<br />

efectiva e prática, como nos permitem inferir acerca da indispensabilidade de um<br />

intenso treino escultórico por parte dos criadores de cadeirais. Efectivamente, um<br />

mestre como Pyeter Dancart, Rodrigo Alemán ou Machim Fernandes, teria de dominar<br />

e aplicar toda a uma série de conhecimentos e práticas que, em teoria, seriam<br />

específicos dos domínios da carpintaria, da ensamblagem, ou do talhe ou escultura<br />

propriamente dita. Esta assumia, por sua vez, particular importância no contexto do<br />

trabalho do próprio mestre, que na maior parte das vezes era incumbido da criação das<br />

esculturas de vulto mais importantes, de maiores ou menores dimensões, consoante o<br />

local do cadeiral a que se destinavam, mas sempre de carácter religioso, embora<br />

também ocorresse a encomenda de partes da decoração em relevo, quase sempre de<br />

116 Cf. KRAUS, Henry and Dorothy, The Gothic Choirstalls of Spain, p. 157.<br />

117 Cf. MOREIRA, Rafael, “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p.102 e 103.<br />

118 Cf. KRAUS, Henry and Dorothy, The Hidden World of Misericords, p. xiv.<br />

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