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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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pela impossibilidade de montagem do cadeiral no próprio coro, que estava ainda em<br />

construção 182 .<br />

Situado, em termos de número de cadeiras e de complexidade construtiva, muito<br />

perto do exemplo intermédio, o cadeiral crúzio poderá, portanto, ter sido completado<br />

num período médio de quatro anos, tendo, porém, em conta que a ensamblagem, ou<br />

montagem do cadeiral propriamente dita, seria a etapa de menor duração.<br />

Efectivamente, documentos relativos às obras do cadeiral da Catedral de Sevilha<br />

revelam que Pyeter Dancart – que substituiu o primeiro mestre após o falecimento deste<br />

e, tal como Lorete em Santa Cruz, se comprometeu a executar as novas cadeiras à<br />

semelhança das anteriores – demorou apenas três dias a montar as novas cadeiras no<br />

coro, ainda que lhe fosse concedido um prazo de cerca de trinta dias para terminar a<br />

obra 183 .<br />

Muito mais difícil de percepcionar é a lógica de divisão do trabalho que terá estado<br />

subjacente à execução das diversas partes das quais se compõe o cadeiral de Santa Cruz.<br />

Que Machim tivesse sido o autor do seu desenho, não é difícil de crer. Ainda que, como<br />

já tivemos oportunidade de referir, fosse frequente a arrematação da execução de<br />

projectos previamente elaborados por outros artistas, por parte de determinados mestres<br />

entalhadores e respectivas oficinas, não será de excluir a hipótese de que o desenho do<br />

cadeiral tivesse sido pedido especificamente a Machim Fernandes – sob uma série de<br />

directivas que, a avaliar pelas indicações do próprio rei D. Manuel para a execução dos<br />

famosos encasamentos, encomendados para uma série de tapeçarias que conteriam<br />

representações dos territórios descobertos e dos seus habitantes “no natural” 184 , se<br />

prevêem precisas e minuciosas – sendo depois submetido à aprovação dos cónegos<br />

crúzios, nomeadamente do seu prior, D. Pedro Gavião, e do próprio monarca. A este<br />

título, as informações relativas ao atelier estabelecido em Rouen para a execução do<br />

cadeiral da catedral voltam a ser particularmente úteis, na medida em que se refere um<br />

artista em particular, Adam Laurent “ouvrier en hucherie” que é propositadamente<br />

182 Cf. MOREIRA, Rafael, “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p.102.<br />

183 Cf. KRAUS, Henry and Dorothy. The Gothic Choirstalls of Spain, p. 148.<br />

184 FIGUEIREDO, Fidelino de. A Épica Portuguesa no Século XVI, p. 152-155. O autor transcreve o<br />

documento da referida encomenda, identificando-o apenas como “Um papel sem data, contendo<br />

instrucções regias para a tecedura duma serie de tapetes com quadros sobre o descobrimento da India,<br />

exaradas por Antonio Carneiro, então secretario de D. Manuel I.” O documento teria sido já transcrito<br />

em BARRETO, J. A. Da Graça, A descoberta da India ordenada em tapeçaria por mandado de El-Rei D.<br />

Manuel I, Coimbra, 1880; J. Ramos Coelho, Alguns documentos da Torre do Tombo acêrca dos<br />

Descobrimentos e Conquistas dos portugueses, Lisboa, 1982, versão utilizada pelo autor.<br />

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