Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...
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em contacto com os aspectos fundamentais da obra que iria realizar, sem que nisso<br />
tivesse qualquer tipo de envolvimento maior. Pelo contrário, dá-se conta de existir já<br />
“mostra e debuxo da dita obra” 247 , obviamente elaborado pelo artista de acordo com<br />
algumas directivas de Frei Brás, e depois discutido, talvez ajustado nalguns pormenores<br />
e, finalmente, assinado pelos dois. Tanto os esboços como as eventuais peças de<br />
amostra tiveram duas versões ligeiramente diferentes, ambas assinadas, dado que a<br />
caixa do órgão possuía duas faces, uma voltada à nave da igreja e outra (a que hoje<br />
subsiste) na “parte de dentro contra a serventia do coro” 248 . Para cada uma destas<br />
partes, dá-se uma descrição precisa da decoração, das dimensões e da qualidade do<br />
trabalho a realizar, algo que não pode deixar de se considerar particularmente<br />
significativo na perspectiva do estabelecimento de alguns paralelismos com as<br />
indicações fornecidas – por certo verbalmente, mas talvez também em documentos<br />
avulsos cujo rasto se perdeu – para a execução das cadeiras do coro.<br />
Para a face exterior, infelizmente desaparecida aquando da nova substituição do<br />
órgão durante o século XVIII, indicava-se, tanto no contrato como no desenho feito em<br />
pergaminho, que deveria possuir “sejs pilares laurados de Romano com suas lapas e<br />
castellos e ffrysos cornjsas alquatrauas e envasamentos e Remates” 249 . Em relação às<br />
dimensões, estebelecem-se quarenta palmos de altura e vinte e cinco palmos de largura,<br />
medidas estas que seriam ritmadas pelos seis pilares referidos. A face interior seria<br />
“laurada cõ outros sejs pilares cõ suas vasas e mulduras e capiteis de Romano” 250 e<br />
possuiria vinte e cinco palmos de altura e dezasseis de largura, com “suas portas muy<br />
bem lauradas” 251 . Da obra remanescente ressaltam, efectivamente, estas portas bem<br />
lavradas, mas dos pilares, e capitéis de romano nada permaneceu. Na verdade, de<br />
romano já só se encontram os perfis de figuras masculinas e femininas que vão<br />
ritmando a moldura semi-circular das portas da caixa 252 .<br />
As preocupações com a boa execução, firmeza e durabilidade da obra são nítidas<br />
em expressões como “muy bem enxambradas”, “muyto fforte lympa e bem feyta” 253 ,<br />
sendo o prazo concedido para a sua conclusão revelador desses cuidados, posto que<br />
247<br />
GARCIA, Prudêncio Quintino, Documentos para as biografias dos artistas de Coimbra, p. 142.<br />
248<br />
GARCIA, Prudêncio Quintino, Documentos para as biografias dos artistas de Coimbra, p. 142.<br />
249<br />
GARCIA, Prudêncio Quintino, Documentos para as biografias dos artistas de Coimbra, p. 142.<br />
250<br />
GARCIA, Prudêncio Quintino, Documentos para as biografias dos artistas de Coimbra, p. 142.<br />
251<br />
GARCIA, Prudêncio Quintino, Documentos para as biografias dos artistas de Coimbra, p. 143.<br />
252<br />
Vide Vol. II, Anexo II, Figs. 45 e 46.<br />
253<br />
GARCIA, Prudêncio Quintino, Documentos para as biografias dos artistas de Coimbra, p. 143.<br />
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