14.04.2013 Views

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

hipotético) de Martim Joanes Alemão 153 para Portugal e o de Francisco de Colónia para<br />

Espanha (posto que Pere Sanglada, ou Ça Anglada, mestre do cadeiral de Barcelona, era<br />

catalão). 154<br />

No entanto, e apesar de todas estas possibilidades permanecerem em aberto, um<br />

dos dados mais concretos da actividade de Machim, o seu trabalho em Tomar nas datas<br />

referidas, poderia, por si só, refutar a hipótese de identificação dos indivíduos cuja<br />

presença, como já referimos, está documentada em Braga e Lisboa, em 1510 e 1518<br />

respectivamente. Ainda que a grande mobilidade dos artistas nesta época seja<br />

inquestionável, sobretudo num território relativamente pequeno, bem como a sua<br />

pontual polivalência em termos de domínio dos materiais, não nos parece razoável que<br />

Machim, artista activo e requisitado mas, ainda assim, distante da proficiência de um<br />

Rodrigo Alemán, ou mesmo de um Pere Sanglada, aparentemente tão hábil na escultura<br />

em madeira como em pedra 155 , abandonasse as obras de talha em que claramente se<br />

havia especializado para se <strong>entre</strong>gar a trabalhos pontuais de escultura pétrea, por<br />

prestigiantes que fossem. Em 1510 é, aliás, improvável que ele pudesse estar envolvido<br />

nas obras da Sé de Braga, posto que teria de ter conseguido conciliar os trabalhos do<br />

retábulo com os do cadeiral, em Coimbra, executando-os ambos com uma rapidez<br />

inverosímil. Eventualmente, e no caso de se tratar da mesma pessoa, Machim poderia<br />

ter sido apenas o autor do projecto do retábulo pétreo da catedral bracarense, orientando<br />

pontualmente a sua execução e deslocando-se, a partir de determinada altura, a Coimbra<br />

para orientar também as novas obras do cadeiral. Mas, neste caso, não faria sentido<br />

justificar a importante concessão de um “…prazo fateuzim in perpetum de huas cazas<br />

no chafariz da Rua Nova […] a Machi pedreiro…” 156 com o seu envolvimento numa<br />

“obra que demorava” e, portanto, a sua necessidade “de habitação condigna e próxima<br />

da Sé Catedral” 157 . O simples facto de se assumir a morosidade das obras de Braga<br />

invalida, segundo cremos, a presença simultânea do mesmo artista nas obras do<br />

mosteiro de Santa Cruz. Da mesma forma, o argumento da parceria com Diogo de<br />

Castilho, que acontece nas duas ocasiões em que surge referida a actividade do Machim<br />

153<br />

Cf. GRILO, Fernando. “A escultura em madeira de influência flamenga em Portugal. Artistas e obras”,<br />

p.102.<br />

154<br />

Cf. DIAS, Pedro. “Esculturas e escultores nórdicos em Coimbra”, A escultura de Coimbra do Gótico<br />

ao Maneirismo (catálogo da exposição), Coimbra, Câmara Municipal, 2003, p.86.<br />

155<br />

Cf. KRAUS, Dorothy and Henry, The Gothic Choirstalls of Spain, p. 103.<br />

156<br />

DIAS, Pedro. A escultura de Coimbra do Gótico ao Maneirismo, p. 86<br />

157<br />

DIAS, Pedro. A escultura de Coimbra do Gótico ao Maneirismo, p. 86.<br />

72

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!