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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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que, em comparação com os seus congéneres já desaparecidos, tinha dimensões<br />

modestas – não tenha exigido mão-de-obra muito numerosa. Efectivamente, se levarmos<br />

em conta que Olivier de Gand se fazia acompanhar por cerca de sete oficiais<br />

auxiliares 174 e o sócio Fernão Muñoz 175 durante a sua campanha de Tomar, ou que as<br />

prescrições contidas no regimento de 1539 indicam expressamente que nenhum oficial<br />

do trabalho com a madeira poderia ter mais do “que dois aprendizes porque tendo mais<br />

os não pode bem ensinar” 176 , podemos calcular que a equipa reunida por ou para<br />

Machim durante a sua permanência em Santa Cruz, não andasse longe destes números:<br />

um total de sete ou oito pessoas, <strong>entre</strong> as quais se contariam pelo menos um ou dois<br />

aprendizes, todos supervisionados pelo oficial mais qualificado, o próprio Mestre.<br />

Como sugerem alguns exemplos, <strong>entre</strong> os quais se contam os cadeirais de<br />

Barcelona e Rouen, o pagamento era diferenciado consoante a própria hierarquia<br />

estabelecida no interior da equipa. Assim, os menores montantes seriam auferidos pelos<br />

carpinteiros, responsáveis pelo trabalho estrutural, mais exigente do ponto de vista<br />

físico mas também menos especializado, razão pela qual eram habitualmente pagos ao<br />

dia e não à peça, tal como os ensambladores e restantes oficiais e aprendizes. Os<br />

escultores, ou imaginários, auferiam os maiores pagamentos, sendo estes estabelecidos<br />

por peça e em função da qualidade do próprio escultor, pelo que o trabalhador mais bem<br />

pago da equipa era, naturalmente, o mestre (embora houvesse também ocasiões em que<br />

a remuneração deste e dos restantes oficiais tinha uma diferença mínima) 177 . Embora<br />

tenhamos razões para crer que a natureza contratual da obra de Santa Cruz, estabelecida<br />

por empreitada, como era hábito na época, não contemplava estes pagamentos<br />

individuais por parte do capítulo ou do próprio monarca, os montantes pagos a Machim<br />

durante o decorrer dos trabalhos teriam necessariamente de ser distribuídos pela equipa,<br />

obedecendo provavelmente a um tipo de atribuição remuneratória semelhante aos<br />

supracitados.<br />

174<br />

Cf. REIS-SANTOS, Luís. “Olivier de Gand, sculpteur du XVIe siècle au Portugal”, DIAS, Pedro<br />

(coord.), O Brilho do Norte: escultura e escultores do Norte da Europa em Portugal. Época Manuelina<br />

(catálogo), Lisboa, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1997, p.<br />

52.<br />

175<br />

Cf. MOREIRA, Rafael, “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p. 102.<br />

176<br />

LANGHANS, Franz-Paul, As Corporações dos Ofícios Mecânicos: subsídios para a sua história, vol.<br />

I, p. 464.<br />

177<br />

Cf. KRAUS, Henry and Dorothy. The Gothic Choirstalls of Spain, p. 108; BEAULIEU, Michèle et<br />

BEYER, Victor. Dictionnaire des Sculpteurs Français du Moyen Age, p. 38.<br />

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