14.04.2013 Views

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

numerosos no cadeiral), proceder à modelagem da escultura propriamente dita e<br />

finalmente, ao afeiçoamento da madeira, acabamentos e polimento 190 .<br />

No caso das esculturas da cimalha e do coroamento, o tipo de trabalho escultórico,<br />

menos exigente do ponto de vista técnico do que do compositivo, correspondia a uma<br />

prática comummente desenvolvida ao longo do período medieval, aplicando-se<br />

sobretudo em elementos como os jubéus, que ainda antes dos grandes retábulos de<br />

marcenaria se desenvolviam em soluções de rendilhados vegetalistas de poderoso efeito<br />

visual. Ainda que a execução de elementos como as coroas que sobrepujam os quadros<br />

da cimalha, ou o friso de enrolamentos vegetalistas pontuados pelas cruzes de Cristo,<br />

por seguirem um padrão comum que se repete com ligeiras variações, pudesse ter sido<br />

atribuída a oficiais não especializados em imaginária, o controlo de factores como a<br />

espessura da madeira ou a pressão aplicada às partes mais sensíveis do trabalho, que<br />

devia ser mínima 191 , exigia-lhes uma elevada proficiência no domínio do entalhamento<br />

propriamente dito.<br />

Todo o trabalho escultórico do cadeiral, composto de elementos de dimensões<br />

consideráveis, exigia o talhe de peças separadas que só posteriormente seriam<br />

encaixadas, sendo que as partes correspondentes às juntas só após a ensamblagem<br />

poderiam ser devidamente esculpidas e terminadas 192 . Isto não só permitia uma maior<br />

economia de matéria-prima, pelo aproveitamento de diversas partes de um mesmo<br />

bloco, como evitaria possíveis alterações no trabalho final devido à tensão provocada<br />

pela natural retracção da madeira 193 . A ocorrência de erros ao nível do encaixe ou<br />

mesmo da coincidência das diversas partes do motivo esculpido, que efectivamente<br />

parece ter tido lugar no cadeiral crúzio 194 , dever-se-á em grande parte a uma<br />

descoordenação destas três etapas do trabalho – escultura preliminar, ensamblagem,<br />

acabamento. Também o estado da madeira teria de passar por uma criteriosa<br />

observância, pois no caso de não se encontrar devidamente seca e limpa provocaria a<br />

abertura das juntas das peças ensambladas e desfiguraria o trabalho final. Já a reduzida<br />

dimensão das esculturas de vulto que fazem parte do programa iconográfico do cadeiral<br />

190 HASLUCK, Paul N. (ed.), Manual of Traditional Wood Carving, p. 62, 69 e 71.<br />

191 Cf. HASLUCK, Paul N. (ed.), Manual of Traditional Wood Carving, p. 79 e 80.<br />

192 Cf. HASLUCK, Paul N. (ed.), Manual of Traditional Wood Carving, p. 94.<br />

193 Cf. HASLUCK, Paul N. (ed.), Manual of Traditional Wood Carving, p. 94 e 95.<br />

194 Vide Vol. II, Anexo II, Fig. 11.<br />

85

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!