14.04.2013 Views

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

já de Fernão Muñoz, as sequências de estatuetas de reis e soldados rendidos e reverentes<br />

foram, sem dúvida, intencionalmente repetidas no cadeiral de Santa Cruz de Coimbra e<br />

no do Convento de Cristo em Tomar, tal como, ainda que em escalas e localizações<br />

diferentes, as habituais esculturas de profetas, sibilas e figuras santificadas. Deste modo,<br />

e a menos que João Alemão tenha sido responsável pelo acrescentamento das referidas<br />

esculturas em ambos os cadeirais, o agente dessa repetição só poderá ter sido o próprio<br />

D. Manuel I.<br />

1.2. Encomenda, projecto e etapas de execução do cadeiral<br />

A encomenda do cadeiral de coro do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra não<br />

poderá jamais dissociar-se de duas figuras fundamentais: em primeiro lugar, e<br />

previsivelmente, o próprio rei D. Manuel I e, em segundo lugar, o Bispo-Prior D. Pedro<br />

Gavião. Efectivamente, é quase impossível não assumir que a passagem do monarca por<br />

Coimbra, primeiro em 1498 e depois em 1502, foi tão importante para a criação dos<br />

túmulos dos reis, quanto para a do próprio cadeiral. Mesmo antes de se projectar a<br />

reformulação completa do espaço religioso que em breve viria a acontecer, é altamente<br />

provável que D. Manuel, atento observador das dinâmicas de poder mesmo em contexto<br />

religioso, tivesse reflectido acerca da necessidade de revitalizar o espaço coral crúzio,<br />

nomeadamente a partir da criação de um cadeiral que pudesse substituir um conjunto de<br />

mobiliário coral que, nessa altura, estaria já obsoleto. Efectivamente, a existência de<br />

cadeiras no coro de Santa Cruz ainda durante o século XV está documentada no relato<br />

de um episódio que terá ocorrido durante a visita do infante D. Pedro, em que se conta<br />

como o já idoso prior D. Gonçalo, “que estava em sua Cadeira do Coro” 164 não<br />

permitiu que o Bispo D. Álvaro o substituísse na função de conceder a bênção aos<br />

presentes. Esta simples indicação não nos informa, contudo, sobre o carácter desse<br />

conjunto de mobiliário, que tanto poderia ser constituído por simples assentos reunidos<br />

num mesmo espaço ou por um verdadeiro cadeiral.<br />

Ainda que a passagem do monarca, e mesmo do futuro prior crúzio, por centros<br />

religiosos particularmente dinâmicos do ponto de vista artístico, em território vizinho,<br />

tenha tido uma preponderância evidente na percepção efectiva dos modelos que<br />

pretendia seguir, através da aposta numa aclimatação dos formulários flamengos e<br />

164 BRAGA, Maria Manuela, Os Cadeirais de Coro no Final da Idade Média em Portugal, p. 132.<br />

75

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!