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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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musicais, cuja oficina D. João III terá feito questão de visitar aquando de uma das suas<br />

passagens por Coimbra.<br />

De facto, no seguimento da reorganização dos espaços e das valências do<br />

mosteiro, D. Pedro Gavião, assumindo o priorado em 1507, criou a livraria do coro,<br />

mandando que se fizessem livros específicos, de grandes dimensões e letras e notação<br />

musical igualmente grande, de modo a que se pudessem ler “de qualquer sítio do<br />

coro” 79 . Segundo as fontes consultadas no início do século XX por Joaquim de<br />

Carvalho, estes livros de coro, que possuíam as armas do prior-mor do mosteiro – cinco<br />

gauiões em aspa, & por orla do escudo, hum chapeo & cordoens de Bispo – ainda se<br />

conservavam em número razoável no século XVII 80 .<br />

Esta intervenção de D. Pedro Gavião, que coincidiu com as primeiras<br />

experiências do canto polifónico em espaço crúzio, não deixava de contar com um<br />

passado de sólida experiência no campo musical, que no início de Quinhentos se<br />

materializava, de facto, numa Capela constituída por cantores especialmente<br />

seleccionados que intervinham nas cerimónias em que se exigia o canto de órgão, e num<br />

Coro, que incluía todos os cónegos do mosteiro, industriados no canto-chão, ambos<br />

capazes de “ultrapassar em actividade e perfeição as Capelas das Sés Catedrais e a<br />

própria Capela real.” 81 Posto que, em última análise, era para servir de suporte físico a<br />

esta inexcedível escola musical que o cadeiral <strong>entre</strong>tanto criado servia, não será demais<br />

tentar recordar, ou conhecer, as práticas aí desenvolvidas. Retomando a questão da<br />

convivência <strong>entre</strong> sagrado e profano no espaço coral que nos ocupou durante parte do<br />

capítulo antecedente, é significativo notar a frequência com que os actos litúrgicos<br />

incluíam alguns elementos profanos, quer de carácter eminentemente performativo, quer<br />

musical, como se depreende pela utilização generalizada das cansonetas na maioria das<br />

cerimónias religiosas 82 . Também Santa Cruz não foi de todo impermeável a este tipo de<br />

influência profana, sobretudo pela participação activa do coro nas festividades mais<br />

79 PINHO, Ernesto Gonçalves de, Santa Cruz de Coimbra, centro de actividade musical…, p.87.<br />

80 CRUZ, D. Marcos da, Da fundação do mosteiro de S. Vicente, ms. 632 da Biblioteca da Universidade,<br />

fl. 245v, Apud cit., CARVALHO, Joaquim Martins Teixeira de, A Livraria do Mosteiro de Sta. Cruz de<br />

Coimbra, p. 74.<br />

81 PINHO, Ernesto Gonçalves de, Santa Cruz de Coimbra, centro de actividade musical…, p. 8.<br />

82 Cf. PINHO, Ernesto Gonçalves de, Santa Cruz de Coimbra, centro de actividade musical…, p.12.<br />

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