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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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Entre a documentação, ainda inédita, consultada pelo autor referido, várias são<br />

as referências ao mestre nórdico, agora invariavelmente referido como “machim frz,<br />

carpentr.º de maçanarja” 113 , estatuto que partilha com um João do Tojal cuja parceria<br />

seria ainda inexistente, ou pelo menos insuspeita, aquando da sua participação nas obras<br />

do Mosteiro de Santa Cruz. Os documentos referentes ao trabalho de ambos em Tomar<br />

não só permitem colmatar alguns dos silêncios potenciados pela simples referência do<br />

pagamento de 1513, documentado em Santa Cruz – e <strong>entre</strong> eles encontra-se o nome<br />

completo e o indicador de ofício cuja virtual ausência anteriormente referimos – como<br />

ainda parecem colocar-nos perante a possibilidade de estabelecimento de um percurso<br />

para o artista nórdico e, por via deste, confrontar a hipótese da identificação dos<br />

homónimos entalhador e pedreiro que, segundo alguns autores, seriam uma e a mesma<br />

pessoa.<br />

Sem pretendermos dar primazia à documentação escrita sobre os documentos<br />

materiais e artísticos que constituem as obras remanescentes, não podemos deixar de<br />

reconhecer que qualquer tentativa de reconstituição do percurso profissional de Machim<br />

Fernandes passa necessariamente pelos preciosos indicadores temporais que os (ainda<br />

assim, poucos) documentos até agora encontrados nos vão fornecendo. Assim sendo,<br />

todo o percurso anterior a 1513, desde a sua formação até às suas primeiras<br />

participações em obras de maior dimensão ou prestígio e às motivações que o terão<br />

trazido até Portugal são para nós uma incógnita apenas colmatável pela formulação<br />

hipotética.<br />

Na tentativa de compreender também em que moldes se terá desenvolvido a<br />

actividade profissional de Machim e sobretudo, quais as suas particulares apetências<br />

enquanto autor de cadeirais de coro, é-nos impossível não abordar, ainda que<br />

superficialmente, o tema da sua formação, sobretudo no que diz respeito aos saberes que<br />

terá adquirido, à sua previsível dependência de determinado mestre até à formação da<br />

sua própria oficina, no fundo, à sua inscrição num sistema de trabalho que, até pelo seu<br />

carácter itinerante, não é ainda perfeitamente conhecido.<br />

Em primeiro lugar, e porque todo o exercício especulativo tem como apoio<br />

indispensável a comparação com exemplos tão próximos quanto possível, não podemos<br />

esquecer que a origem germânica de Machim não invalida de forma alguma a sua<br />

113 MOREIRA, Rafael. “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p. 110.<br />

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