14.04.2013 Views

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

hipótese por si apresentada como contribuirão para esclarecer – ou pelo contrário,<br />

intensificar mais ainda – a controversa questão da identificação do Machim entalhador<br />

com o Machim pedreiro.<br />

A desconstrução das hipóteses que apontam no sentido de uma origem flamenga<br />

começa, portanto, pela simples constatação de que são muito menos óbvias, e portanto<br />

de mais difícil aplicação prática, do que a possibilidade de um diminutivo de<br />

Maximiliano, ou Maximilian, fonética e graficamente muito próximo do nosso Machim.<br />

Considerando apenas a primeira proposta – a da apropriação do topónimo Marchin – e<br />

compreendendo o contexto em que ela surge, depreende-se que a sua aplicação<br />

permitiria não só esclarecer a possível origem de um nome pouco comum, como<br />

argumentar a favor da possibilidade de uma identificação <strong>entre</strong> o artista que surge<br />

mencionado na documentação crúzia em 1513 e aquele(s) que surge(m) mencionado(s)<br />

em documentos datados de 1510 e 1518 respectivamente, um dando conta da presença<br />

de um Machi pedreiro em Braga e outro no estaleiro dos Jerónimos, este já indicado<br />

como tendo origem francesa – o que se justificaria por uma origem no Norte da França,<br />

na Flandres, ou apenas no Norte da Europa, incerteza potenciada pela habitual<br />

imprecisão dos documentos quinhentistas em relação aos artistas e artífices empregados<br />

nas grandes empreitadas 111 .<br />

Ainda que, mais uma vez, todas as hipóteses aqui avançadas tenham<br />

legitimidade enquanto tal – possibilidades que devem ser tidas em conta, sobretudo<br />

como parte de uma construção metodológica que se pretende fiável – a sua validade<br />

argumentativa não pode deixar de ser posta à prova. Neste sentido, os elementos<br />

avançados por Rafael Moreira adquirem um tom de prova cabal, quando este revela<br />

finalmente “ o nome completo do marceneiro: Machim Fernandes, com esse<br />

patronímico (“filho de Fernando”) tão vulgarmente adoptado por naturais da<br />

Alemanha (Valentim Fernandes, Jorge Fernandes Alemão, Alejo Fernandez…), com<br />

designações de família ou de lugar impronunciáveis em nossa língua. Tudo indica, pois,<br />

uma origem especificamente alemã de Mestre Machim Fernandes, na Baixa Renânia ou<br />

na Francónia, países de florestas e com velha tradição no trabalho em madeira…” 112<br />

111 Cf. DIAS, Pedro, O Brilho do Norte…, p. 239<br />

112 MOREIRA, Rafael. “Dois escultores alemães em Alcobaça…”, p. 108.<br />

55

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!