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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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compreensão das influências iconográficas das paisagens urbanas e cenas marítimas que<br />

singularizam de forma determinante o cadeiral crúzio: “2541. Liber Chronicarum ab<br />

initio Mundi cum figuris et imaginibus in Ligno incisis. Nuremberge per Antonium<br />

Koberger, anno 1494. – fol.”. A esta indicação, o bibliotecário crúzio adicionou a nota<br />

seguinte: “temos 2. Corpos: hum delles (o mais usado) deve-se expurgar, para estar<br />

publico; e Se fechará o outro, por Ser defezo pelo Indice de Portugal. * Assim me<br />

parecêo; mas buscando no d.º Indice, naõ achey q fizesse mençaõ de tal Livro; pelo q<br />

Suspendo o juízo q. fiz, athé melhor averiguação.” 105 Deste modo, ficamos a saber que<br />

o mosteiro contava com duas cópias de um dos livros mais difundidos de finais do<br />

século XV e início do século XVI, datadas do ano seguinte à sua primeira edição e<br />

ainda impressas na oficina de Antonius Koberger. Não surpreende que a rápida fama<br />

das também ditas Crónicas de Nuremberga, profusamente decoradas por gravuras de<br />

cidades e personagens bíblicas e históricas, que desde cedo começaram a ser<br />

manualmente coloridas – num apego à aos formulários codicológicos da iluminura que<br />

a imprensa não conseguiu de imediato superar – tenha proporcionado uma compra<br />

(directa ou por encomenda) quase imediata de alguns exemplares para a biblioteca do<br />

mosteiro. Tal como se afigura previsível que o carácter extremamente apelativo das suas<br />

imagens, anotadas na indicação cum figuris et imaginibus in Ligno incisis, tenha<br />

auxiliado os criadores do projecto do cadeiral a imaginar e a conceber essas cenas de<br />

cidades, com os elementos simbólicos de civilidade e civilização que igualmente<br />

perpassava as paisagens urbanas (idealizadas, relembre-se) representadas e descritas no<br />

Liber Chronicarum.<br />

Para além destes e de outros livros cuja existência, para a data em questão, não<br />

tivemos oportunidade de constatar, elementos avulsos como, como as colecções de<br />

gravuras, deverão ter tido grande importância para a definição das opções estéticas e<br />

iconográficas dos investimentos artísticos crúzios. Retomando as já distantes mas<br />

assertivas palavras de Joaquim de Carvalho a respeito deste assunto, “Estas colecções<br />

de estampas teem por vezes para a história da arte importância particular. Eram elas<br />

modelos impostos pelas corporações religiosas aos seus decoradores.” 106 Nem sempre<br />

impostos, estes modelos desempenhavam, todavia, um papel fundamental na criação de<br />

formulários artísticos próprios, muitas vezes originados pela fusão de influências várias,<br />

105<br />

D. Pedro da Encarnação, Apud cit., CARVALHO Joaquim Martins Teixeira de, A Livraria do<br />

Mosteiro de Sta. Cruz de Coimbra, p. 49.<br />

106<br />

CARVALHO, Joaquim Martins Teixeira de, A Livraria do Mosteiro de Sta. Cruz de Coimbra, p. 97.<br />

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