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Uma Epopeia entre o Sagrado e o Profano: - Estudo Geral ...

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certamente impressivas como também de obter os contactos necessários ao<br />

recrutamento de mão-de-obra qualificada.<br />

A precocidade do plano – que apesar de tudo nos apresenta um cadeiral ainda em<br />

potência e nada mais – poderia explicar, pelo menos em parte, aquilo que a<br />

documentação apresenta de forma pouco clara. Efectivamente, seguindo todos os dados<br />

disponíveis e todas as hipóteses prováveis, a conclusão do cadeiral e da capela-mor<br />

foram simultâneas. Ainda que isto não seja de todo inusitado, dado que por conclusão<br />

se pode entender apenas um arranjo definitivo ou o acerto de alguns pormenores, não<br />

deixa de ser surpreendente que, nas condições em que ocorreu a reconstrução da igreja,<br />

que durante o priorado de D. Pedro Gavião, e segundo Pedro Dias, se pautou sobretudo<br />

pela “pressa e subordinação a certas orientações que o edifício românico impunha” 68 ,<br />

os investimentos arquitectónicos, justificadamente prioritários, tenham sido<br />

acompanhados de perto pela encomenda e construção de um cadeiral de coro. Iniciadas<br />

as obras da igreja em 1507, contando certamente com o impulso enérgico do recém-<br />

nomeado prior, só em 1513 surge documentada a referida conclusão do corpo da igreja,<br />

capela-mor e demais dependências, contratando-se com mestre Boytac a construção de<br />

uma série de elementos ao nível das coberturas e de alguns pormenores construtivos 69 .<br />

Juntamente com a descriminação dos pagamentos que deveriam ser feitos ao arquitecto,<br />

refere o dito documento a ordem de pagamento, emitida por D. Pedro Gavião, daquela<br />

que seria já a última prestação devida a Machim, responsável pelo “acabamento do coro<br />

e dos asentos do cabydo” 70 .<br />

O envolvimento do bispo-prior de Santa Cruz em todo este processo e,<br />

inclusivamente, na tomada de opções ou pelo menos na concretização das directivas<br />

régias, é indiscutível e, mesmo sem pretendermos exagerar a importância artística da<br />

figura de D. Pedro Gavião, não podemos deixar de concordar com quantos autores vêem<br />

na sua morte inesperada um dos motivos do abrandamento do ritmo construtivo no<br />

edifício crúzio 71 . Os vestígios materiais deste empenhamento efectivo de D. Pedro<br />

Gavião nas obras crúzias, que se materializam hoje de forma particularmente evidente<br />

68<br />

GONÇALVES, António Nogueira, “O nartex românico da igreja de Santa Cruz de Coimbra”, Petrus<br />

Nonius, Porto, [s.n.], 1942, p.12.<br />

69<br />

GARCIA, Prudêncio Quintino, Documentos para as Biografias dos Artistas de Coimbra, Coimbra,<br />

[s.n.], 1923, pp. 152-159.<br />

70<br />

GARCIA, Prudêncio Quintino, Documentos para as Biografias dos Artistas de Coimbra, pp. 158-159.<br />

71<br />

DIAS, Pedro, A Arquitectura de Coimbra na transição do Gótico para a Renascença…, p. 123.<br />

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