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1.3.2 Avifauna<br />
O Estuário do Tejo é considerado como uma das dez zonas húmidas mais importantes<br />
para as aves aquáticas migradoras da Europa e a mais importante a nível nacional<br />
(Dias e Marques, 1999). Das cerca de 200 espécies de ocorrência regular, 46<br />
encontram-se incluídas no anexo I da Directiva Aves (Directiva 79/409/CEE) (Costa et<br />
al., 2003). Situa-se na rota de migração de importantes contingentes de aves<br />
invernantes que o procuram em busca de alimento, tranquilidade e refúgio,<br />
preparando-se para a época de reprodução que vai depois decorrer nas regiões mais<br />
setentrionais do Paleártico. É uma zona húmida de importância internacional que,<br />
concentra durante a época de invernada, um número substancialmente superior a 20<br />
000 aves aquáticas (mínimo considerado necessário para a atribuição do estatuto de<br />
zona húmida de valor internacional). Destacam-se, por um claro predomínio, as<br />
populações de limícolas, acolhendo em média (anos de 1987 a 1998) cerca 72% dos<br />
efectivos invernantes nacionais daquele grupo no estuário do Tejo. Entre as limícolas<br />
mais abundantes figuram o maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), o pilrito-comum<br />
(Calidris alpina), o alfaiate (Recurvirostra avosetta), a tarambola-cinzenta (Pluvialis<br />
squatarola) e o perna-vermelha (Tringa totanus). Também no que respeita aos<br />
anatídeos, o Tejo albergou em Janeiro (1989-1992) mais de 30% do total dos efectivos<br />
recenseados a nível nacional. A zona possui também grande valor como local de<br />
migração Outonal de passeriformes transarianos, onde se incluem espécies como o<br />
pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica), a felosa-dos-juncos (Acrocephalus<br />
schoenobaenus), entre outros (Dias e Marques, 1999).<br />
A área justifica ainda a sua importância internacional por suportar mais de 1% da<br />
população de várias espécies incluídas no anexo I da Directiva Aves, durante as<br />
épocas de reprodução e/ou invernada. São elas, a garça-vermelha (Ardea purpurea), o<br />
perna-longa (Himantopus himantopus), o alfaiate (R. avosetta), a garça-branca<br />
(Egretta garzetta), a garça-pequena (Ixobrychus minutus), a cegonha-branca (Ciconia<br />
ciconia), o colhereiro (Platelea leucorodia), a águia-sapeira (Circus aeruginosus), a<br />
águia-pesqueira (Pandion haliaetus), a franga-d´água-pequena (Porzana pusilla), o<br />
combatente (Philomachus pugnax), a gaivina-de-bico-preto (Gelochelidon nilotica), o<br />
garajau-comum (Sterna sandvicensis), a andorinha-do-mar-anã (Sterna albifrons), a<br />
gaivina-dos-paúis (Chlidonias hybridus), a gaivina-preta (Chlidonias niger) e a corujado-nabal<br />
(Asio flammeus) (Dias e Marques, 1999). As aves nidificantes constituem um<br />
grupo muito menos numeroso do que o constituído pelas aves invernantes. Ainda<br />
assim, o estuário assume grande importância para a conservação de algumas delas<br />
como sejam: a garça-vermelha (A. purpurea), a águia-sapeira (C. aeruginosus), o<br />
perna-longa (H. himantopus) e a andorinha-do-mar-anã (S. albifrons) (Dias e Marques,<br />
1999). As principais ameaças à avifauna aquática são as que concorrem para a<br />
deterioração ou destruição dos seus habitats. Sobretudo devido à ampliação de zonas<br />
portuárias e industriais à custa de zonas de sapal, transformação de salinas para<br />
aquacultura, expansão urbanística nas margens do estuário, poluição (industrial,<br />
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ESTUDOS DE BASE – <strong>ETAPA</strong> 1 – DESCRIÇÃO. VOLUME II (REV 1 – 2007-04-30)