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sua maioria (70-80%) está localizada no planalto Mirandês, região de Ribacôa e na<br />
área entre Castelo Branco e Idanha-a-Nova, encontrando-se o restante efectivo<br />
disperso por vários locais do Alentejo, e das bacias do Mondego e Tejo. A população<br />
invernante ocorre nessas mesmas áreas mas também de uma forma dispersa por todo<br />
o sul do país (ICN, 2006).<br />
Habitat: O milhafre-real está associado a zonas de relevo suave (planaltos, planícies,<br />
baixa montanha) com vocação/utilização agro-silvo-pastoril. Em Portugal essa<br />
paisagem corresponde essencialmente a áreas de aproveitamento cerealífero com<br />
criação de ovinos e bovinos em regime extensivo e presença de maciços arbóreos<br />
dispersos, de espécies do género Quercus, Fraxinus e Pinus. Trata-se de uma ave de<br />
rapina florestal, que nidifica em árvores, geralmente de grande porte, integradas em<br />
pequenos maciços ou mesmo isoladas, como bosques ribeirinhos, lameiros, pinhais,<br />
montados de sobro e azinho. Caça em terrenos abertos, como campos agrícolas e<br />
pastagens permanentes, mas também nas imediações de explorações agro-pecuárias,<br />
povoações, estradas e lixeiras. No estuário do Tejo ocorre sobretudo nas zonas de<br />
montado aberto e lezíria (Leitão et al., 1998).<br />
População: A população de milhafre-real tem vindo sistematicamente a decrescer<br />
desde meados do século XX, altura em que era comum e, em vários locais, seria<br />
mesmo mais comum que o seu congénere milhafre-preto (Coverley, sem data). Esse<br />
declínio é já mencionado por Bugalho (1970) que refere que a partir de 1960, e<br />
sobretudo depois de 65, observou-se um “enorme declínio” do milhafre-real em<br />
resultado do aumento do uso de pesticidas e da perseguição movida por caçadores,<br />
pastores; é também referido por Palma (1985) e, mais recentemente, por Palma et al.,<br />
(1999). No planalto do Douro internacional, bastião actual da população portuguesa,<br />
com 19-26 casais (Fernandes e Monteiro, 2003), os registos indicam um declínio<br />
elevado e continuado da população (Monteiro, com. press.), à semelhança das regiões<br />
vizinhas de Espanha (Viñuela et al., 1999; Monteiro et al., 2002) (Plano sectorial).<br />
Admite-se que nos últimos 20-25 anos se verificou uma redução da população<br />
nacional de cerca de 50%, tendência que se manterá no futuro se as causas dessa<br />
redução não cessarem (ICN, 2006). Em termos da população invernante é de supor<br />
que o efectivo se tenha mantido constante durante os últimos 10 anos devido à<br />
estabilidade das populações nidificantes no norte e centro da Europa (Snow e Perrins,<br />
1998; Viñuela et al., 1999), sendo a espécie observada com alguma regularidade nos<br />
tradicionais quartéis de invernada. Em termos populacionais o Iº censo nacional da<br />
espécie, promovido pelo ICN em 2001 permitiu contabilizar a população nacional em<br />
50 a 100 casais nidificantes (Monteiro et al., 2003). Contudo, mais recentemente o<br />
Monteiro e Pacheco (2003) e Pais (Com. press.) referem ser comum no Inverno<br />
observar dormitórios com dezenas ou mesmo centenas destas aves e admitem que o<br />
território nacional seja frequentado por cerca de um milhar de indivíduos (ICN, 2006).<br />
No estuário do Tejo Leitão et al., (1998) refere que a espécie é observada<br />
irregularmente no estuário, em especial no período de passagem pós-nupcial.<br />
Factores de ameaça: O abate por caçadores/proprietários de explorações agropecuárias<br />
constitui a principal causa de mortalidade da espécie, afectando tanto a<br />
ESTUDOS DE BASE – <strong>ETAPA</strong> 1 – DESCRIÇÃO. VOLUME II (REV 1 – 2007-04-30) 97