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um fenómeno relativamente recente e que se insere no contexto do aumento<br />
generalizado da população no mediterrâneo Ocidental (Leitão et al., 1998). Entre os<br />
anos de 1978 e 1990 foram recenseados do estuário do Tejo 64 indivíduos, embora<br />
em alguns anos a espécie não tenha sido registada, e apresentando um máximo de<br />
240 aves em 1989 (Catry et al., 1992). Só a partir de 1988 é que espécie passa a ser<br />
assinada em todas as contagens de Inverno. Em anos normais, o número de<br />
indivíduos presente, varia consideravelmente, com as maiores concentrações a<br />
ocorrerem no final do Verão e durante o mês de Outubro, como resultado de<br />
movimentos de migração e dispersão pós-nupcial. Em 1990 o número de indivíduos<br />
presente oscilou entre 21, em Janeiro, e 1955, em Outubro. Em anos secos, como em<br />
1992, o número médio mensal de aves presente é maior, provavelmente como<br />
resultado da falta de água nos locais de nidificação. Nesse ano, o número de aves<br />
variou entre 350, em Janeiro, e 2008, em Setembro. A população média invernante no<br />
período 1992 a 1996 foi de 1220 indivíduos, com um máximo de 2781 registado em<br />
Janeiro de 1993 (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 1996/97 e 1997/98 foram<br />
observados como valor médio máximo de 2786 indivíduos, apresentando um máximo<br />
de 3383 em Outubro de 1997 (Encarnação, dados não publicados). Na margem Norte<br />
do estuário no período entre Dezembro de 1998 e Abril de 1999 foi recenseado um<br />
número máximo de 239 aves, numa densidade de 0,794 aves/ha (Rosa, 1999). Nos<br />
Invernos de 2004/05 e 2005/06 foram registadas 2750 aves (Encarnação, dados não<br />
publicados). Nas salinas do Samouco entre 2004/2005 foram atingidos valores<br />
máximos de 602 aves nos meses de Fevereiro e Maio de 2005 (Rocha, dados não<br />
publicados).<br />
Factores de ameaça: O abandono e transformação de salinas para outras<br />
actividades, tem constituído um dos grandes factores de ameaça para a sua fixação.<br />
Esta alteração traduz-se em perda de habitat de alimentação, quer pela drenagem das<br />
mesmas quer pela sua inundação em níveis que não permitem a concentração de sal<br />
na água e assim inviabilizar a produção de pequenos crustáceos como a Artemia<br />
salina, o seu recurso alimentar principal. A ampliação de zonas industriais e portuárias,<br />
nomeadamente à custa de zonas de sapal, constitui uma ameaça a esta espécie. As<br />
zonas de vaza junto ou nos meandros, formados pelo sapal constituem uma<br />
importante alternativa como zonas de alimentação. Trata-se de uma espécie pouco<br />
tolerante à presença humana e outro tipo de perturbações sendo por isso afectada<br />
negativamente pela expansão turística e urbanística. A utilização de herbicidas e<br />
insecticidas nas áreas de arrozal, ao inviabilizar a existência das suas principais<br />
presas, corresponde a uma diminuição da qualidade do habitat de alimentação. É<br />
ainda uma ave vítima de abate ilegal (ICN, 2006).<br />
Medidas de Conservação: A preservação do Flamingo em Portugal depende da<br />
manutenção em bom estado de conservação dos seus locais de conservação dos<br />
seus locais de refúgio e alimentação. A criação de salinas artificiais e lagos salgados<br />
temporários pode justificar nalgumas áreas. Esta espécie, beneficiará ainda com o<br />
controlo e tratamento eficaz das descargas de efluentes, na sua área de ocorrência.<br />
ESTUDOS DE BASE – <strong>ETAPA</strong> 1 – DESCRIÇÃO. VOLUME II (REV 1 – 2007-04-30) 79