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Zarro-negrinha, Aythya fuligula<br />
Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo é invernante raro,<br />
ocorre entre os meses de Fevereiro e Março, Junho e entre Outubro e Janeiro (Leitão<br />
et al., 1998).<br />
Estatuto de Protecção: Espécie considerada Vulnerável. A nível europeu é<br />
considerada uma espécie em Declínio embora este seja recente e moderado (BirdLife<br />
International 2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos<br />
das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), da Directiva Aves/Habitats<br />
(Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006).<br />
Distribuição e movimentos: Esta espécie nidifica no Norte da Europa, desde a<br />
Islândia até ao Leste da Sibéria. Os zarros-negrinhas que invernam na Europa central<br />
e no Mediterrâneo são originários da população nidificante da Europa central, aos<br />
quais se juntam aves provenientes da Sibéria (Monval e Pirot, 1989). As recapturas<br />
em Portugal de aves anilhadas no estrangeiro referem-se a aves da Islândia (Tait sem<br />
data, Borges de Carvalho, 1975).<br />
Habitat: Prefere zonas húmidas naturais e artificiais de água doce, de preferência<br />
profundas, calmas e abertas, e em alguns casos que ofereçam vegetação emergente<br />
abundante com margens suaves ou ilhas. Concentram-se igualmente em zonas<br />
abrigadas de estuários (ICN, 2006). Ocorre em águas profundas no estuário do Tejo e<br />
em pisciculturas (Leitão et al., 1998).<br />
População: A população de zarro-negrinha é actualmente estimada em cerca de<br />
600.000 indivíduos (Scott e Rose, 1993), denotando um acentuado crescimento desde<br />
o início das contagens internacionais de aves aquáticas, em 1967. Na Europa central,<br />
este crescimento deve-se sobretudo à introdução e expansão do molusco Dreissena<br />
polymorpha, que se tornou a principal presa desta espécie (Schifferli, 1983). Em<br />
Portugal a espécie ocorre tanto em zonas húmidas do interior como do litoral, mas é<br />
no estuário do Minho que ocorre regularmente o maior número de indivíduos (ICN,<br />
2006). Actualmente o número de indivíduos invernantes no estuário é bastante<br />
reduzido, não ultrapassando geralmente a dezena. No entanto, a situação seria<br />
provavelmente diferente há mais de 30 anos atrás. No Inverno de 1968/69, foram<br />
estimados cerca de 1000 indivíduos numa contagem efectuada de avião. As causas<br />
deste declínio são desconhecidas (Leitão et al., 1998). No período de 1992/93 e<br />
1997/98 e 2004/05 e 2005/06 não foi recenseada qualquer ave no estuário<br />
(Encarnação, dados não publicados).<br />
Factores de ameaça: Entre os factores de ameaça desta espécie destaca-se a<br />
poluição da água por efluentes domésticos, industriais e agrícolas. Devem ainda<br />
destacar-se a drenagem e destruição de zonas húmidas costeiras, assim como a<br />
perturbação nestas áreas, que constituem refúgios alternativos (ICN, 2006).<br />
Medidas de Conservação: Esta espécie beneficiará da melhoria da eficácia do<br />
controlo e tratamento das descargas de efluentes, bem como com a minimização da<br />
perturbação nos locais de invernada e, principalmente, do controlo da caça ilegal.<br />
Importa também assegurar a monitorização dos efectivos residentes e invernantes<br />
(ICN, 2006).<br />
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ESTUDOS DE BASE – <strong>ETAPA</strong> 1 – DESCRIÇÃO. VOLUME II (REV 1 – 2007-04-30)