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2.1 – HISTÓRIA DA CIRURGIA CEREBRAL<br />

Ao longo da história das ciências biomédicas, a técnica <strong>de</strong> dissecção realizada em<br />

cadáveres surge referenciada como uma das principais fontes do conhecimento científico.<br />

Estruturas anatómicas como o crânio e o cérebro, sempre estiveram nos caminhos da<br />

investigação do homem, como provam as referências a doenças e procedimentos<br />

neurocirúrgicos que datam cerca <strong>de</strong> 3000 anos A.C., realizados nas civilizações Babilónica e<br />

Egípcia. A Neurociência, assumiu muitas formas, antes <strong>de</strong> se tornar uma das ciências<br />

<strong>de</strong>stacadas do século XX (Greenblatt, Dagi & Epstein, 1997).<br />

No antigo Egipto, a remoção do encéfalo (valorizado como sendo um abrigo dos espíritos)<br />

da caixa craniana, era uma prática comum durante a preparação do cadáver para a sua<br />

viagem até à outra vida. Por volta <strong>de</strong> 500 anos A.C., Alcmaeon, filósofo grego, <strong>de</strong>clarou que<br />

“…todos os sentidos estão ligados ao cérebro”, marcando o início <strong>de</strong> uma nova era na<br />

ciência. No livro “Diálogo”, Timaeus (352-296 A.C.), <strong>de</strong>screve que Platão atribuiu ao<br />

cérebro o lugar central no cosmos, <strong>de</strong>screvendo-o como um ser vivo criado por um<br />

artesão divino e <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> uma alma própria imortal. Aristóteles (384-322 A.C.,<br />

discípulo <strong>de</strong> Platão) adoptou uma corrente centrada no coração <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo que “...o<br />

calor e a agitação do coração, era mo<strong>de</strong>rado pelo cérebro”. Em 332 A.C, Herófilo e<br />

Erasistrato <strong>de</strong>scobriram através da dissecção <strong>de</strong> cadáveres humanos, o sistema nervoso,<br />

observando “...finas cordas pálidas que formavam uma re<strong>de</strong> específica que saía do crânio e<br />

da espinha” e ainda os ventrículos, <strong>de</strong>finidos como “câmaras no centro do cérebro que<br />

abrigavam o intelecto e os espíritos, que fluíam para os nervos ocos e <strong>de</strong>pois para os<br />

músculos, permitindo a realização <strong>de</strong> movimentos”. Galeno (médico grego) apoiou a teoria<br />

<strong>de</strong> Herófilo e Erasistrato sobre os espíritos <strong>de</strong>ntro do cérebro, referindo porém, que estes<br />

“...passavam sempre por uma etapa <strong>de</strong> purificação ao atravessar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> vasos<br />

existente na base do crânio”. William Harvey, fisiologista, consi<strong>de</strong>rado o pai da circulação,<br />

não acreditava na teoria dos espíritos, mas concordava com Aristóteles na questão do calor,<br />

<strong>de</strong>finindo que “…a cabeça é redonda porque é a forma mais perfeita”. Em 1662, realizou-se<br />

em Oxford por Thomas Willis, Richard Lower (anatomistas e médicos ingleses) e<br />

Christopher Wren (ilustrador) a primeira pesquisa mo<strong>de</strong>rna do sistema nervoso, conhecida<br />

como a “Doutrina dos nervos”,a qual mais tar<strong>de</strong> veio a ser conhecida como, Neurologia.<br />

Willis, registou nas suas dissecações que as artérias do pescoço formavam sempre um<br />

círculo antes <strong>de</strong> entrarem no cérebro, on<strong>de</strong> existia uma vasta re<strong>de</strong> <strong>de</strong> finos vasos<br />

sanguíneos que cobriam todo o órgão, assegurando a sua vascularização constante. A esse<br />

conjunto <strong>de</strong> vasos <strong>de</strong>nominou “Círculo <strong>de</strong> Willis”. Nos seus estudos, relatou ainda uma<br />

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