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“Vamos lá. Antes de eu chegar a esta vila, você e suas seguidoras vestidas de musselina haviam<br />
reduzido esses homens a consertar medalhões e a fazer cobertura de bolos. Você não entende. Os<br />
homens precisam de um objetivo, Susanna. Um objetivo respeitável. Um que sintamos em nosso<br />
coração e em nossas vísceras, não que possamos só compreender com a cabeça.”<br />
“Homens precisam de um objetivo?” Ela suspirou, exasperada. “Você não consegue entender que as<br />
mulheres também? Nós necessitamos de nossos próprios objetivos, de nossas realizações e de nossa<br />
própria irmandade, também. E há poucos lugares onde podemos encontrar isso, em um mundo<br />
dominado pelo sexo oposto. Em toda parte, somos governadas pelas regras dos homens, vivemos à<br />
mercê dos caprichos masculinos. Mas aqui, em nosso cantinho do mundo, somos livres para mostrar<br />
o que temos de melhor e mais verdadeiro. Spindle Cove é nossa, Bram. Vou lutar até meu último<br />
suspiro para evitar que você a destrua. As necessidades das mulheres também são importantes.”<br />
Bram pegou-a com as duas mãos e a afastou dos prédios, puxando-a para a praça. Logo, ele a tinha<br />
debaixo da copa de um antigo salgueiro-chorão. Susanna sempre amou aquela árvore e a forma<br />
como seus galhos protetores e baixos pareciam constituir um a espécie de mundo à parte. Um abrigo<br />
verde, refrescante, que roçava gentilmente na pele e permitia a entrada da quantia exata de luz do sol,<br />
mas ainda assim protegia da chuva, a não ser das mais intensas. Ela sempre se sentiu à vontade e<br />
segura sob seus galhos.<br />
Até aquele momento... O brilho faminto nos olhos dele era a representação do perigo. Quando ele<br />
falou, sua voz ficou sombria. A noite toda ficou sombria.<br />
“Vou lhe dizer o que é mais importante que tudo. É isto.” Bram flexionou aqueles bíceps<br />
poderosos, puxando assim o corpo dela contra uma parede sólida de músculos e calor. “Não<br />
mulheres, nem homens, mas o que há entre duas pessoas que precisam uma da outra mais do que<br />
precisam respirar. Você pode discutir comigo tudo o que quiser, mas não pode negar isso. Eu sei que<br />
você sente.”<br />
Ah, sim. E como ela sentia. Uma sensação quente, elétrica, zunia por seu corpo todo, da planta dos<br />
pés às raízes do cabelo. Entre as coxas, ela se sentia derretendo.<br />
“Isto é importante”, disse ele. “É a força mais vital, incontestável da Criação. Você não pode negála<br />
a toda vila só porque tem medo de perder o controle.”<br />
A risada irrompeu da garganta dela.<br />
“Eu tenho medo de perder o controle? Oh, Bram, por favor.”<br />
Aquilo, vindo do homem que estava desesperado para dar ordens – para qualquer um –, que estava<br />
pagando soldos exorbitantes a pastores e pescadores só para que marchassem sob seu comando. E,<br />
não poderíamos esquecer, ele havia bombardeado um rebanho de ovelhas.<br />
Era ele que tinha medo de perder o controle. Aterrorizado até o último fio de cabelo. E Susanna<br />
iria alegremente lembrá-lo de tudo aquilo, talvez até admitir que ela achava estranhamente cativante,<br />
se ele lhe permitisse usar os lábios e a língua.<br />
Mas não. Aquele homem impossível queria conquistar até isso dela.<br />
Ele a tomou com um beijo tão apaixonado e impiedoso que Susanna não teve escolha a não ser se<br />
entregar.<br />
Sua boca amoleceu, e a língua de Bram passeou entre seus lábios e foi mais fundo. Ela aceitou o<br />
desafio, defendendo-se das arremetidas dele com sua própria língua, apreciando o modo como os<br />
dois lutavam em igualdade. Ele gemeu de satisfação, e ela sorriu com os lábios presos aos dele. Ela<br />
parecia ser boa nisso. Susanna adorou que ele fizesse surgir novas habilidades nela; talentos que ela<br />
não sabia possuir.<br />
Bram cobriu seu pescoço com beijos, roçando seus quadris contra os dela de maneira bruta,<br />
deliciosa.<br />
“Deus, chega a doer o tanto que eu quero você. Faz ideia do tipo de sonho que o láudano provoca