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Sir Lewis olhou para ela, surpreso. Susanna também estava. Ela havia xingado o próprio pai, além<br />
de ter lhe dado um tapa na cara. Foi horrível. E muito bom...<br />
“Desculpe, papai, mas o senhor mereceu.” Ela aproveitou a surpresa do pai para colocar a mão no<br />
pescoço dele e sentir seu pulso. Durante alguns segundos assustadores, ela não conseguiu encontrar<br />
as batidas do coração. Mas, afinal, seus dedos localizaram o pulso.<br />
As batidas estavam apressadas, mas regulares. Saudáveis e fortes.<br />
Lágrimas de alívio chegaram aos seus olhos. Seu pai podia ser um velho egoísta, escravizado por<br />
sua ambição. E talvez ele nunca fosse amá-la como precisava uma garota desajeitada e sem mãe. Mas<br />
ele lhe tinha dado a vida. Não uma vez, mas duas. E ele lhe tinha dado aquela casa, que Susanna tanto<br />
adorava. Ele era seu pai, e Susanna o amava. Ela não queria perdê-lo naquele dia.<br />
Ela acenou para um cavalariço que passava.<br />
“Leve meu pai até a governanta. Diga para ela que a Srta. Finch falou que Sir Lewis precisa ir para<br />
a cama e descansar. Sem discussão.”<br />
Com isso ajeitado, ela voltou para o estábulo, onde os homens prendiam os cavalos à carroça. Os<br />
animais relinchavam e empinavam, nervosos com as explosões e com o cheiro de sangue.<br />
Um criado lhe ofereceu a mão, ajudando-a a subir na carroça, onde ficou perto do joelho de Finn.<br />
Susanna se ajeitou sobre a palha. O cabo Thorne e Aaron Dawes já estavam na carroça, agachados<br />
um de cada lado de Finn, para mantê-lo imóvel. Thorne segurava firmemente a perna do garoto, logo<br />
acima do torniquete, usando a força de suas mãos para estancar de vez o fluxo de sangue.<br />
“Podem ir”, Bram ordenou ao condutor. Ele e seu primo preparavam-se para montar seus cavalos.<br />
“Nós alcançaremos vocês na estrada.”<br />
A carroça foi colocada em movimento, saindo de Summerfield e pegando a estrada de terra. Eles<br />
estavam quase chegando à forja quando Susanna percebeu que não era a única mulher presente.<br />
Diana Highwood estava lá e mantinha a cabeça de Finn em seu colo, enquanto enxugava o suor de<br />
sua testa com um lenço branco rendado.<br />
“Muito bem”, murmurava ela. “Você está indo muito bem. Estamos quase chegando.”<br />
Quando chegaram ao pequeno pátio da forja, Aaron Dawes pulou da carroça e correu para abrir as<br />
portas. Bram apeou do cavalo e se apressou a pegar Finn em seus braços para levá-lo para dentro.<br />
Thorne e Payne foram ao seu lado, para ajudar.<br />
Quando Susanna desceu da carroça, contraiu o rosto, pois sentiu uma pontada na costela que bateu<br />
na pedra. Ela parou por um instante, apertando o flanco dolorido com a mão até a dor diminuir.<br />
Então ela foi se juntar aos homens dentro da forja.<br />
Diana Highwood fez o mesmo. Susanna segurou a moça pelo braço.<br />
“Srta. Highwood… Diana. Essa não vai ser uma cena agradável. Acredito que você não deveria<br />
assistir a isso.” Susanna não tinha certeza de que ela própria conseguiria presenciar aquilo, que ia<br />
muito além de cataplasmas e unguentos, sua área de atuação.<br />
“Eu quero ajudar”, disse a jovem, claramente determinada. “Vocês todos me ajudaram quando eu<br />
precisei. O senhor, Lorde Rycliff, o Sr. Dawes. Rufus e Finn também. Eu quero retribuir a gentileza.<br />
Não tenho a força dos homens nem seu conhecimento, Srta. Finch, mas não sou do tipo de garota que<br />
desmaia por qualquer coisa, e vou fazer tudo o que puder.”<br />
Susanna olhou com admiração para a jovem à sua frente. Pelo que tudo indicava, a delicada Srta.<br />
Highwood era feita de uma fibra muito mais forte do que todos imaginavam… Inclusive Susanna.<br />
Que ótimo!<br />
“Você promete sair, se achar que é demais?”<br />
Diana concordou.<br />
“E estou com minha tintura, é claro.”<br />
Susanna deu um leve aperto de gratidão no braço da moça, antes de soltá-lo.