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terrível em Norfolk. Só que desta vez ela mesma queria cortar, rapidamente, pensando o mínimo<br />

naquilo. Não conseguia imaginar permanecer parada enquanto outra pessoa manuseava a tesoura.<br />

“Entregue-a para mim.” Chegando próxima do desespero, ela agarrou o cabo da tesoura. “Eu<br />

mesma corto.”<br />

Mas ele não soltou.<br />

“Finn e Rufus”, ele falou baixo, somente para ela. “Eles ficarão com o tambor e o pífaro. Vão estar<br />

na milícia, participar dos treinamentos e receber o pagamento, mas não receberão armas. Isso é<br />

suficiente?”<br />

Ela ficou pasma. Ele a tinha onde queria, à beira da humilhação pública, e agora propunha um<br />

acordo?<br />

“Eu… eu acho que sim. É sim.”<br />

“Muito bem, então. Isso significa que você voltou a ser mulher?”<br />

“Vou me trocar agora mesmo.”<br />

“Não tão depressa”, disse ele, ainda segurando firmemente o cabo da tesoura. Ele a olhou com<br />

atrevimento. “Antes de ir, você fará algo por mim. O mesmo que as outras mulheres estão fazendo.”<br />

De fato, à volta deles, os homens e mulheres de Spindle Cove formavam pares. Enquanto Diana se<br />

ocupava de Lorde Payne, o ferreiro caminhou até a viúva Watson e sua tesoura. Finn e Rufus<br />

pareciam discutir a respeito de qual deles ficaria com Sally.<br />

“Você quer que eu corte o seu cabelo?” Sua imaginação foi para aquele rabo de cavalo comprido,<br />

sempre pendurado entre as escápulas dele, provocando-a.<br />

“Como eu disse, sem exceções.” Ele colocou a tesoura na mão dela. “Continue, então. Sou todo<br />

seu.”<br />

Susanna pigarreou.<br />

“Acredito que você precise se ajoelhar.”<br />

“Ajoelhar?” Ele bufou. “Sem chance, Srta. Finch. Só existe uma razão pela qual eu ajoelharia<br />

diante de uma mulher, e esta não é uma delas.”<br />

“Espero que seja para propor casamento.”<br />

Um brilho demoníaco acendeu os olhos dele.<br />

“Não...”<br />

O corpo todo de Susanna foi desperto. Ela olhou em volta. Por toda a praça, o trabalho de cortar<br />

cabelo ocupava suas amigas e vizinhos. Aquela tinha se tornado uma conversa particular. E isso<br />

também era bom, considerando o que aconteceu em seguida.<br />

“Se você não pretende ajoelhar”, disse ela, ficando na ponta dos pés, “não sei como pode esperar<br />

que eu corte seu cabelo. Todas as cadeiras estão em uso. Eu posso ser alta, mas não tenho como<br />

alcançar… oh!”<br />

Ele agarrou-a pela cintura com as duas mãos e a ergueu. A força bruta do movimento a excitou.<br />

Era a segunda vez, em três dias, que ele a levava às alturas. Três, se ela contasse o beijo do dia<br />

anterior.<br />

Por que ela estava contando? Susanna não deveria contabilizar aquilo.<br />

Ele a colocou sobre a mesa, o que a deixou a mais alta dentre os dois.<br />

“Está bem assim?”<br />

Ela aquiesceu em silêncio, e Bram deslizou as mãos de sua cintura. Então ela ficou perdida nas<br />

lembranças do abraço do dia anterior, na pressão do corpo dele contra o seu… Seus olhares se<br />

encontraram. As conhecidas fagulhas voaram e Susanna engoliu em seco.<br />

“Vire-se, por favor.”<br />

Graças a Deus, pela primeira vez, ele obedeceu.<br />

Ela pegou em sua mão, aquela madeixa morena na nuca de Bram, presa com um cordão de couro.

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