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“Ameaçador?”, disse Susanna. “Eu percebo, sim, que um homem possa enxergar a situação dessa<br />

forma.”<br />

“Eu ia dizer ‘sáfico’.”<br />

Aqueles lábios suculentos, manchados de groselha, abriram-se com a surpresa.<br />

Bom... Ele estava começando a se perguntar o que seria necessário para conseguir provocá-la. E<br />

buscando vários tipos de provocações, Bram começou a pensar nas reações dela. Como reagiria sua<br />

pele macia e quente com aquelas sardas deliciosas que pareciam um tempero...<br />

“Choquei você, Srta. Finch?”<br />

“Chocou, tenho que admitir. Não com suas insinuações de amor romântico entre mulheres, mas eu<br />

nunca teria imaginado que você fosse tão versado em poesia grega antiga. Isso é um choque, de fato.”<br />

“Só para você saber”, disse Bram, “frequentei Cambridge durante três semestres.”<br />

“Verdade?” Ela o encarou com falsa admiração. “Três semestres inteiros? Nossa, como isso é<br />

impressionante.” A voz dela estava grave, sedutoramente lenta, e fez cada pelo do braço dele ficar em<br />

pé.<br />

Em algum momento daquela conversa, Susanna parou de discutir com ele e começou a flertar.<br />

Bram duvidava que ela havia percebido – do mesmo modo que não notou o perigo, no dia anterior,<br />

quando seu vestido rasgado esteve a um suspiro de expor seu seio pálido e macio. Faltava experiência<br />

à Susanna para que ela entendesse a diferença sutil entre antagonismo e atração.<br />

Então Bram ficou absolutamente imóvel e sustentou o olhar dela. Ele a encarou diretamente,<br />

penetrando no fundo de seus olhos até que ela também tomasse consciência da atração ardente que ia<br />

e vinha entre eles dois.<br />

O ar ficou quente com o esforço que Susanna fazia para não respirar, e seu olhar baixou – ainda<br />

que brevemente – para a boca de Bram. O fantasma fugaz de um beijo...<br />

Ah, sim, disse-lhe Bram, com um movimento sutil da sobrancelha. É isso que estamos fazendo aqui.<br />

Ela engoliu em seco, mas não desviou o olhar.<br />

Droga, eles podiam se dar tão bem. Bram percebia aquilo só de fitar os olhos dela. Aquelas íris<br />

azuladas continham inteligência, paixão e… profundezas. Profundezas intrigantes que ele desejava<br />

muito explorar. Um homem podia passar a noite toda conversando com uma mulher daquelas. Nos<br />

intervalos, é claro. Seriam necessários, também, longos momentos de gemidos e de respiração<br />

ofegante.<br />

Ela é filha de Sir Lewis Finch, sua consciência gritou em sua orelha. O problema era que o resto<br />

do corpo não ligava para isso.<br />

Susanna pigarreou, quebrando abruptamente o feitiço jogado em Bram.<br />

“Sra. Lange”, disse ela, “não gostaria de ler um poema para nós?”<br />

Bram se recostou na cadeira. Uma jovem morena e esguia subiu no palco, segurando um papel. Ela<br />

parecia dócil e tímida.<br />

Até que... abriu a boca.<br />

“Oh, traidor vil! Oh, profanador de votos!”<br />

Bem, ela conseguiu a atenção do público.<br />

“Escute minha raiva, como um trovão distante. Meu coração, que a besta rasgou em pedaços.<br />

Minha enseada, que o bruto miserável saqueou, embora não completamente.” Ela olhou por sobre o<br />

papel. “Não é de admirar.”<br />

Susanna se inclinou para a frente e sussurrou:<br />

“A Sra. Lange está brigada com o marido.”<br />

“Não diga...”, respondeu ele, também murmurando. Bram ergueu as mãos, preparando-se para<br />

aplaudir por educação.<br />

Mas o poema não parava ali. Ah, não. Ele continuou...

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