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“O que há de errado com aquele homem?”, perguntou ela ao cabo.<br />

Os olhos dele ficaram frios.<br />

“Aquele homem.” Ela apontou para a rua. “Rycliff. Bramwell. Seu superior.”<br />

A mandíbula de Thorne ficou tensa.<br />

“Você deve conhecê-lo bem. Provavelmente trabalha ao lado dele há anos e é seu confidente mais<br />

próximo. Conte-me, então? Começou na infância? Ele foi negligenciado pelos pais, maltratado por<br />

uma governanta? Trancado em um sótão?”<br />

O rosto inteiro do homem transformou-se em pedra. Uma pedra marcada com linhas nada<br />

amigáveis e uma fenda implacável onde deveria existir uma boca.<br />

“Ou foi a guerra? Talvez ele seja assombrado por lembranças de batalhas. O regimento dele foi<br />

emboscado, com grande perda de vidas? Ele foi capturado e mantido prisioneiro atrás das linhas<br />

inimigas? Eu espero que ele tenha alguma desculpa.”<br />

Ela esperou e observou. O rosto do cabo não forneceu nenhuma pista.<br />

“Ele tem um medo paralisante de chá...”, soltou Susanna. “Ou de espaços fechados... Aranhas, é meu<br />

palpite. Pisque uma vez para sim, duas para não.”<br />

Ele não piscou nenhuma vez.<br />

“Deixe para lá”, disse ela, exasperada. “Eu mesma vou ter de arrancar isso dele.”<br />

Cerca de trinta, ofegantes, minutos depois, Susanna chegou ao alto da falésia, no perímetro do<br />

castelo Rycliff. Naturalmente, Lorde Rycliff havia chegado muito antes dela. Susanna encontrou o<br />

cavalo já sem sela e pastando junto às ruínas do muro.<br />

“Lorde Rycliff?”, ela chamou. Seu grito ecoou nas pedras.<br />

Nada de resposta.<br />

Ela tentou novamente, com as mãos em volta da boca.<br />

“Lorde Rycliff, posso ter uma palavra com o senhor?”<br />

“Somente uma, Srta. Finch?” A resposta abafada veio da direção da torre. “Eu não tenho tanta sorte<br />

assim...”<br />

Ela avançou na direção das torres de pedra, aguçando os ouvidos para ouvir a voz dele.<br />

“Onde você está?”<br />

“Na sala de armas.”<br />

Sala de armas?<br />

Seguindo o som da resposta, ela se dirigiu até a entrada em arco. Uma vez lá dentro, Susanna virou<br />

à esquerda e entrou na torre de pedra no canto nordeste que, pelo que parecia agora, era a sala de<br />

armas. Ela imaginou que aquele fosse um lugar adequado ao armazenamento de armas e pólvora:<br />

frio, escuro e fechado por pedra. O ranger das pedras secas sob seus pés indicava que o telhado da<br />

torre estava suficientemente intacto para impedir a chuva de entrar.<br />

Ela parou à porta, esperando que seus olhos se adaptassem à escuridão. Lentamente, a cena foi<br />

entrando em foco, e quando enxergou, Susanna ficou desolada.<br />

Ela esperava – com todo coração – que ele não levasse muito a sério aquela coisa de milícia,<br />

limitando seus esforços ao mínimo necessário. A ocasião exigia apenas um espetáculo, raciocinava<br />

Susanna. Rycliff não poderia querer, honestamente, montar uma verdadeira força combatente em<br />

Spindle Cove.<br />

Mas olhando para aquela cena, ela não podia ignorar a verdade. O homem estava levando a milícia<br />

a sério. Havia muitas armas ali.<br />

De um lado da torre, havia uma fileira de mosquetes Brown Bess. Na outra parede, balas de canhão<br />

de vários tamanhos. Prateleiras feitas recentemente sustentavam barris de pólvora, e ao lado deles, de<br />

costas para ela, estava Lorde Rycliff.<br />

Ele tinha se despido ao chegar e, naquele momento, vestia apenas uma camisa para fora da calça e

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