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olsa. Eles haviam carregado seu peso morto até ali, provavelmente passando pela vila no caminho e<br />

atraindo uma multidão de curiosos. Até as ovelhas deviam ter visto a procissão, balindo de satisfação.<br />

Ele era seu lorde e comandante, e agora todos o tinham visto em seu momento mais frágil.<br />

“Deve ter sido divertido para você, ver uma garotinha me bater e deixar inconsciente.”<br />

“Não mesmo”, disse ela. “Fiquei apavorada.”<br />

Ela não estava aterrorizada no momento. Bastava olhar para ela, debruçando-se sobre ele,<br />

oferecendo-lhe rápidas visões de seu busto pálido e sardento. Massageando sua perna nua com dedos<br />

talentosos, destemidos. Antes ela o havia chamado de animal. Agora tratava-o como um passarinho<br />

de asa quebrada.<br />

Ele rosnou para a perna ferida. Apêndice atrofiado, de fato.<br />

“Aqui.” Ela colocou um copo em sua mão. “Beba isto.”<br />

“O que é?”, ele observou o líquido com ceticismo.<br />

“Alívio para a dor, em líquido. Minha própria fórmula.”<br />

“Você é uma curadora?” Ele franziu o rosto, e doeu. “Devia ter imaginado que você era uma dessas<br />

mulheres que andam com sua cestinha de ervas.”<br />

“Ervas são boas. Têm seus usos. Para um ferimento como esse, você precisa de remédios.”<br />

Ele experimentou.<br />

“Argh. Isto é repulsivo.”<br />

“É muito forte para você? Se quiser, posso acrescentar um pouco de mel. É o que faço para as<br />

crianças da vila.”<br />

Ele engoliu o resto da poção sem falar nada. Na verdade, ele não podia falar, com aquele gosto<br />

amargo queimando sua garganta.<br />

Após colocar o copo vazio de lado, Susanna voltou sua atenção para a perna dele.<br />

“O que aconteceu com você?”<br />

“Uma bala aconteceu comigo.”<br />

“É um milagre que não tenha perdido a perna.”<br />

“Não foi milagre, mas pura força de vontade. Acredite em mim, aqueles cirurgiões de campo<br />

sanguinários queriam amputá-la.”<br />

“Ah, eu acredito. Já conheci minha cota de cirurgiões sanguinários. Minha adolescência foi repleta<br />

deles.”<br />

“Você foi uma criança doente?”<br />

“Não.” Ela balançou a cabeça.<br />

Susanna mergulhou os dedos no pote de óleo e concentrou-se na perna de Bram, nos músculos<br />

doloridos de sua coxa. É claro que ao aliviar a dor nesses músculos ela criava novas aflições no<br />

púbis dele. Ela não sabia como podia ser perigoso provocar um homem daquela forma?<br />

Ele tinha que falar para ela parar. Não conseguia.<br />

O toque dela era… Deus, era tudo que ele estava precisando. Ela realmente era talentosa.<br />

“E como você fez para se defender deles?”, perguntou ela. “Dos cirurgiões de campo.”<br />

“Thorne”, disse ele. “Ficou sentado ao meu lado com a pistola engatilhada, pronto para atirar<br />

assim que visse o brilho de uma serra de ossos.”<br />

“Imagino que Thorne conseguisse espantá-los apenas com o olhar.” Ela passou o dedo por uma<br />

cicatriz ao lado do joelho, uma linha fina que se destacava em meio às deformações. “Mas alguém<br />

operou seu joelho. Alguém habilidoso.”<br />

Ele aquiesceu.<br />

“Demorou três dias, mas encontramos um cirurgião que prometesse não amputar.”<br />

Ela passou a mão por uma linha horizontal na coxa de Bram, acima do ferimento de bala. Não<br />

havia cicatriz ali, mas uma tira de couro deixara sem pelos uma faixa de pele, que estava lisa como

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