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vontade de gritar. Nada de bom saía daquelas valises. Apenas dor e mais dor.<br />

Alguém cortou, depois rasgou, seu corpete em dois. Ela se sentiu muito exposta. Susanna foi<br />

tomada pelo instinto de lutar.<br />

“Fique calma, meu amor.” Bram tocou seu cabelo. “Ele é o Daniels. É um amigo meu, e também<br />

um médico de campo brilhante. Foi ele que salvou minha perna. Você pode confiar nele. Eu confio.”<br />

Você pode confiar nele. Não, ela não achava que podia. Susanna tentou permanecer calma, com<br />

inspirações curtas e rápidas, enquanto aquele Dr. Daniels auscultava, palpava e avaliava. Enquanto<br />

isso, pânico corria por suas veias.<br />

“A Srta. está dizendo que pode ter sofrido algo em suas costelas?”<br />

Ela aquiesceu.<br />

“Noite passada.”<br />

“Mas à noite a dor não era tão severa.”<br />

Ela negou com a cabeça.<br />

“O que há de errado com ela?”, perguntou Bram.<br />

“Bem, se você quer saber o que eu acho…”<br />

“Não, eu não quero saber o que você acha”, disse Bram, com raiva. “Quero saber o que é.”<br />

O Sr. Daniels não se abalou com aquele rompante, o que tranquilizou Susanna um pouco. Ele e<br />

Bram deviam ser amigos muito chegados.<br />

“Eu sei”, disse Daniels pacientemente, “que ela quebrou algumas costelas, mas costelas quebradas,<br />

apenas, não produzem esse tipo de dificuldade e dor. Não de repente, depois de tantas horas. Porém,<br />

se ela esteve fazendo atividades físicas desde o ferimento inicial, os ossos quebrados podem ter<br />

causado algum sangramento interno. Ao longo das horas o sangue se acumulou dentro do peito dela,<br />

sem ter como sair. Agora o sangue está pressionando os pulmões, tornando difícil que ela respire.<br />

Chama-se hemo…”<br />

“…tórax”, concluiu Susanna. Hemotórax. Sim, ela pensou, preocupada, havia lido a respeito.<br />

Aquilo fazia todo sentido.<br />

“Ah”, disse o médico, em tom de surpresa. “Então a paciente é inteligente, além de linda.”<br />

“E também é minha”, rosnou Bram. “Não tenha ideias. Ela é minha.”<br />

Susanna apertou a mão dele. Aquele tipo de declaração era muito medieval e possessiva. E ela o<br />

amou por falar daquela forma.<br />

“Muito bem.” Daniels pigarreou e pegou a valise. “A boa notícia é que isso é algo muito comum<br />

no campo de batalha.”<br />

“E como isso pode ser uma boa notícia?”, perguntou Bram.<br />

“Vou dizer de outro modo. A boa notícia é que já vi esse ferimento muitas vezes, e existe uma cura<br />

simples. É um tratamento novo e controverso, mas eu o usei com muito sucesso no campo de batalha.<br />

Tudo que precisamos fazer é drenar o sangue de seu peito, o que vai resolver o problema.”<br />

“Não.” Em pânico, ela lutava para formular as palavras. “Bram, não. Não… deixe que ele me<br />

sangre.”<br />

“Você não pode sangrá-la”, disse ele. “Susanna já sofreu muito com isso na juventude, e as<br />

sangrias quase acabaram com ela.” Bram virou o pulso dela, cheio de cicatrizes, para o médico ver.<br />

“Compreendo.”<br />

E então o Sr. Daniels fez algo que realmente surpreendeu Susanna. Algo que nenhum daqueles<br />

médicos ou cirurgiões de sua juventude haviam feito. Ele se agachou junto ao ombro dela, onde<br />

Susanna podia olhá-lo nos olhos. E então ele conversou com ela, não sobre ela. Como se ela fosse<br />

dona de um cérebro e tivesse controle total de seu corpo.<br />

“Srta. Finch, se posso dizer algo sem correr o risco de apanhar do nosso Bramwell, você me<br />

parece ser uma mulher muito inteligente. Espero que me compreenda e acredite quando lhe digo que

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