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Susanna tinha razão. Ele era o lorde daquele recanto sossegado da Inglaterra e podia se orgulhar<br />

disso. Spindle Cove reivindicava sua honra e seu coração. E pela primeira vez em sua vida, Bram<br />

sabia que havia encontrado um lar de verdade. Ele só podia esperar que ela o aceitasse de volta.<br />

Eles chegaram à forja em questão de minutos. Bram se jogou da sela assim que sua montaria<br />

diminuiu a velocidade. Enquanto os cavalos faziam bom uso de um cocho com água de chuva, Bram<br />

conduziu Daniels até a pequena construção de madeira. Eles encontraram a forja vazia, a não ser por<br />

uma pessoa. Finn Bright jazia esticado sobre uma mesa comprida no centro da forja, coberto por um<br />

lençol do pescoço para baixo. Olhos fechados.<br />

O garoto estava branco como o tecido que o cobria. O cheiro de sangue e carne chamuscada<br />

pesava no ar. Por um instante, Bram temeu que o pior tivesse acontecido e que o dia que nascia<br />

marcaria em sua consciência a morte do garoto.<br />

“Ele vai sobreviver”, disse Dawes, que estava em pé na outra entrada, ocupando todo o vão da<br />

porta. Ele parecia ter tomado banho havia pouco. Seu cabelo molhado agarrava-se à testa, e ele ainda<br />

não havia terminado de vestir uma camisa limpa. “Desde que não tenha uma infecção”, acrescentou<br />

ele, “vai sobreviver.”<br />

“Graças a Deus.” Bram inspirou. “Graças a Deus.”<br />

Ele sabia que usava demais aquela frase, mas dessa vez falou com sinceridade. Ele estava<br />

realmente, verdadeiramente grato a Deus. E não sabia como pagar aquela dívida.<br />

“Mas não foi possível salvar o pé dele, milorde. A explosão fez a maior parte do trabalho. Eu só<br />

fiz o meu melhor para limpar o ferimento.”<br />

“Eu entendo. Você agiu bem.”<br />

Bram olhou para o rosto pálido e suado do garoto. Felizmente, ele parecia ter recebido láudano<br />

suficiente para conseguir superar a dor. Por enquanto. Quando acordasse, Finn iria se sentir em um<br />

inferno ardente. Bram havia passado por isso.<br />

Pigarreando, ele apresentou Daniels.<br />

“Ele é cirurgião e meu amigo. Vai cuidar do garoto de agora em diante.”<br />

Daniels levantou o lençol que cobria a perna de Finn. Bram franziu o rosto.<br />

“Não está bonito, mas deve cicatrizar bem”, disse Daniels, após avaliar a perna. “Fez um bom<br />

trabalho, Sr. Dawes.”<br />

Dawes agradeceu inclinando a cabeça, enquanto enxugava as mãos em uma toalha pequena. Bram<br />

olhou para além do homem, para a casa adjacente. Uma mulher de cabelos claros dormia sobre a<br />

mesa, com a cabeça descansando em seu braço estendido.<br />

Bram caminhou na direção de Dawes, dando mais espaço a Daniels para examinar o garoto.<br />

“Aquela é a Srta. Highwood?”<br />

Dawes olhou por sobre o ombro e suspirou forte.<br />

“Ela mesma.”<br />

“O que ela está fazendo aqui?”<br />

“Honestamente, milorde? Não faço a menor ideia. Mas ficou aqui a noite inteira. Nem todo o<br />

sangue ou toda a gritaria do mundo a fizeram ir embora. Cabelo dourado e determinação férrea tem<br />

essa moça, senhor. Lorde Payne foi pegar emprestado a carruagem do Sr. Keane, para levá-la de<br />

volta à pensão.”<br />

“E quanto à Srta. Finch? Onde está?”<br />

“Lorde Rycliff”, uma voz tênue e fraca o chamou. “É o senhor?”<br />

“Isso mesmo, Finn. Sou eu.” Bram voltou para a mesa e se debruçou sobre o garoto, perto de seu<br />

rosto. “Como está se sentindo?”<br />

Pergunta estúpida.<br />

“S-s-sinto muito.” O jovem de olhos arregalados conseguiu balbuciar. “Minha culpa. Eu não

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