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não acha? Meu pai fez mais para combater as forças de Napoleão do que você jamais fará, e ele não<br />

sai de Sussex há uma década.”<br />

“Bem, não sou como seu pai.”<br />

“Não, você não é.” Ela ergueu um ombro. “Depois que Napoleão for derrotado, o que virá?<br />

Sempre teremos novos conflitos, novas batalhas. Um posto avançado, em algum lugar, que precisa<br />

ser defendido. Quando isso acaba?”<br />

“Dever é assim”, soltou ele. “Não acaba.”<br />

Ela o encarou enquanto balançava lentamente a cabeça.<br />

“Você tem medo.”<br />

Ele emitiu um som de pouco caso.<br />

“Tem sim. Você é um homem grande e forte, com uma perna machucada, que se sente inútil e que<br />

está aterrorizado. Você diz que não precisa de um lar, de uma família, de uma comunidade ou de<br />

amor?” Susanna soltou uma risada descrente. “Por favor. Você quer tanto essas coisas, que a carência<br />

emana de você como vapor. Mas tem medo de tentar conquistar essas coisas. Medo de fracassar. Você<br />

prefere morrer perseguindo sua vida antiga a reunir coragem para criar uma nova.”<br />

Ele apertou as mãos até ficarem brancas.<br />

“Quem falou em morrer ou fracassar? Cristo, você está sempre limitando as pessoas, segurandoas.<br />

Seu pai é velho demais para trabalhar. Suas amigas são delicadas demais para dançar.”<br />

“Limitando as pessoas? Depois de tudo o que aprendeu sobre mim e este lugar, você me acusa de<br />

limitar a vida dessas jovens?” Um nó se formou em sua garganta. “Como pode dizer uma coisa<br />

dessas?”<br />

“E você, depois de tudo o que aprendeu sobre mim, ainda não consegue confiar em mim? Case<br />

comigo e confie que vou terminar essa guerra e voltar para você. Pelo amor de Deus, Susanna…” A<br />

voz dele ficou embargada, e Bram olhou brevemente para longe, antes de continuar. “Neste ano, vi<br />

muitas pessoas duvidarem do que eu posso fazer, mas eu pensava que você acreditaria em mim.”<br />

“Eu acredito.” Uma lágrima correu pelo rosto dela, e Susanna a enxugou com a palma da mão<br />

livre. “Eu acredito em você, Bram. Mais do que você mesmo. Se eu acredito que você é um<br />

comandante capaz? É claro que sim. Mas também acredito que você poderia ser muito mais do que<br />

isso. Um líder longe do campo de batalha. Um lorde respeitado, essencial à sua comunidade… talvez<br />

até mesmo pudesse ser a voz de seus soldados no Parlamento.” Ela pressionou o punho contra sua<br />

própria barriga. “Acredito que você daria um marido e pai maravilhoso.”<br />

Bram suavizou o aperto no punho dela.<br />

“Então por quê…”<br />

“Eu não posso me casar com você, não assim.” Ela puxou o punho da mão dele. Com a outra mão,<br />

ela o massageou, tentando apagar as marcas vermelhas deixadas por Bram enquanto amaldiçoava as<br />

cicatrizes que nunca, jamais seriam apagadas. Ela tropeçou enquanto se retirava. “Você não entende?<br />

Não posso ser abandonada novamente.”<br />

O mundo ficou repentinamente quieto. Nada de ondas quebrando, nem do sopro da brisa. Nada de<br />

gaivotas grasnando.<br />

Quando ela finalmente conseguiu reunir forças para olhar para Bram, os olhos dele estavam<br />

intensos, inquisidores. E sua pergunta penetrou o coração de Susanna.<br />

“Quem é que está com medo, agora?”<br />

Susanna respondeu com ação. Virou-se e foi embora.

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