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Então ele ergueu a cabeça, e Susanna sentiu o coração se despedaçar.<br />

Ela acabava de dizer ao pai que estava amando. Pela primeira vez em sua vida, amando. E ele se<br />

recusava até mesmo a olhar para ela. Pela expressão distante em seu rosto, Susanna percebeu que seu<br />

pai iria receber aquela notícia com o mesmo estado de espírito com que recebia todos os outros<br />

segredos e confissões de Susanna.<br />

Ele iria ignorá-la. Como se nem mesmo tivesse escutado.<br />

Oh, Deus.<br />

Tinha sido assim, todas as outras vezes? Quando ela acreditava fazer suas confidências para um<br />

gênio distraído, na verdade Susanna estava apenas abrindo o coração para alguém que não se<br />

importava com ela? A ideia era revoltante. Impensável. Claro que seu pai se importava com ela. Ele<br />

tinha salvado sua vida. Tinha aberto mão de muitas coisas para viver em Summerfield.<br />

Bram pigarreou.<br />

“Sir Lewis, é óbvio que precisamos conversar.”<br />

“Ah, sim. É claro que precisamos.” Seu pai calmamente enfiou a mão no bolso interno do casaco,<br />

de onde retirou um envelope. “Eu iria esperar até depois da demonstração militar amanhã, mas acho<br />

que agora é o momento ideal.”<br />

Bram soltou a mão de Susanna e aceitou o papel dobrado. Ele abriu o envelope e passou os olhos<br />

pela carta.<br />

“Maldição. Isto é o que estou pensando?”<br />

“Ordens oficiais”, Sir Lewis disse. “Sim. Eu sondei meus amigos no Ministério da Guerra. Fiz<br />

sugestões persuasivas. Um navio da Marinha sai de Portsmouth na próxima terça-feira.”<br />

“Terça-feira?” Susanna ficou sem ar.<br />

A atitude de seu pai era de frieza.<br />

“Você estará nessa embarcação, Rycliff. E voltará a seu regimento em questão de semanas.”<br />

“Isso é…” Bram engoliu em seco enquanto olhava para o papel. “Sir Lewis, eu nem sei o que<br />

dizer.”<br />

Diga não, Susanna quis gritar. Diga que você não pode partir tão cedo. Diga que vai se casar<br />

comigo.<br />

“Não precisa agradecer.” Sir Lewis passou a mão pelo ralo cabelo grisalho. “Vejo isso como uma<br />

troca. Se não fosse pela exibição da sua milícia, eu não teria esta chance para demonstrar meu novo<br />

canhão.”<br />

“Seu novo canhão?” Susanna virou-se para Bram, mortificada. Ele deu sua palavra de que não<br />

envolveria o pai dela na milícia. Bram não poderia ter mentido para ela.<br />

“Isso mesmo, Susanna”, disse seu pai. “O novo canhão. Ele será apresentado amanhã, como parte<br />

da demonstração da milícia.” Ele olhou para Bram. “Espero que você tenha conseguido colocar esses<br />

agricultores na linha. Estou contando com uma exibição impressionante, em troca dos favores que eu<br />

tive que pedir.” Ele bateu com o dedo na carta que Bram segurava.<br />

“Mas…” Ela balançou a cabeça. Do outro lado do salão, os arpejos de Kate acabaram de derrubar<br />

o que restava da compostura de Susanna. “Bram, por favor, diga-me que não estou entendendo bem<br />

isso tudo. Diga-me que você não voltou atrás na sua palavra, que não empregou algum estratagema<br />

obscuro para recuperar seu comando.”<br />

“Não é nada disso”, disse ele, com a voz baixa. “Eu posso explicar.”<br />

“Diga-me que posso confiar em você”, exigiu ela, com a emoção tomando conta de sua voz.<br />

“Diga-me que você não esteve mentindo para mim o tempo todo. Diga-me que eu não cometi o erro<br />

mais infeliz e estúpido da minha vida, ou… ou eu não sei como…” Ela ficou sem voz.<br />

“Susanna”, disse rispidamente seu pai. “Pare de constranger a si mesma. Você sabe que é dada a<br />

emoções descabidas. Seja qual for a fantasia sem cabimento que você criou, vai passar. Amanhã não

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