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Capítulo Vinte e Seis<br />
“Oh, Deus.” O coração de Susanna falhou. “O que aconteceu?”<br />
Havia muito barulho e ela não conseguia entender nada. Um zunido alto ocupava suas orelhas. O<br />
sangue tamborilava em seu peito. Vozes frenéticas elevavam-se em gritos indecifráveis. Cavalos<br />
relinchavam. As solas de suas sapatilhas batiam na trilha de terra compactada.<br />
Ela estava correndo. Quando ela havia começado a correr?<br />
Bram a acompanhava, andando a passos largos. A mão dele estava na base de sua coluna, dandolhe<br />
equilíbrio. Empurrando-a para frente. Eles viraram a esquina e se juntaram à multidão de gente<br />
que corria na direção dos estábulos.<br />
Havia sangue. Em grande quantidade. Ela sentiu o cheiro antes de ver a mancha vermelha no chão<br />
coberto de palha. O odor pungente serviu como antídoto ao pânico que se aproximava. Ela não podia<br />
perder a cabeça. Alguém estava ferido, e ela tinha trabalho a fazer.<br />
“Quem se machucou?”, perguntou Susanna, empurrando para o lado Sally, que chorava, e abrindo<br />
caminho até a porta do estábulo. “O que aconteceu aqui?”<br />
“Foi o Finn.” Lorde Payne estava lá, e a puxou em meio à multidão para uma baia vazia, iluminada<br />
por uma lanterna de carruagem. “Ele se machucou.”<br />
Dizer que Finn Bright havia se machucado era um eufemismo e tanto. A perna esquerda do garoto<br />
estava um horror abaixo do joelho, com as carnes estraçalhadas e expostas. Seu pé, ou o que restava<br />
dele, permanecia ligado à perna em um ângulo grotesco. Pedaços brancos de ossos brilhavam na<br />
ferida aberta.<br />
Susanna ajoelhou-se ao lado do garoto. Pela lividez de seu rosto, ela percebeu que ele já havia<br />
perdido grande quantidade de sangue.<br />
“Precisamos parar a hemorragia imediatamente.”<br />
“Precisamos de um torniquete”, disse Bram. “Um cinturão ou uma cilha da estrebaria, vai servir.”<br />
“Enquanto isso…” Susanna virou-se para Lorde Payne. “Dê-me sua gravata.”<br />
Ele obedeceu, afrouxando o nó com os dedos trêmulos e puxando o tecido solto. Susanna pegou a<br />
gravata e envolveu a perna de Finn logo abaixo do joelho, puxando-a com toda sua força.<br />
Feito isso, ela voltou sua atenção para o garoto. A respiração dele estava curta, o olhar sem foco.<br />
O pobre garoto ia entrar em choque.<br />
“Finn”, disse ela, em voz alta e clara, “você pode me ouvir?”<br />
Ele anuiu. Seus dentes bateram quando ele sussurrou:<br />
“Sim, Srta. Finch.”<br />
“Estou aqui.” Ela pôs a mão no rosto dele e tentou olhar em seus olhos.<br />
Aaron Dawes agachou ao lado dela.<br />
“Estamos preparando uma carroça. Vamos levá-lo para a forja para endireitar os ossos.”<br />
Ela aquiesceu. Enquanto Susanna dispensava unguentos e tinturas para os aldeões, tudo o que<br />
exigisse força bruta, endireitar ossos, arrancar dentes e coisas assim, ficava com Dawes, o ferreiro<br />
da vila. Só que, pela aparência do ferimento de Finn, ela não tinha certeza se aquela lesão poderia ser<br />
curada. Havia uma boa possibilidade de ele perder o pé por completo. Caso ele sobrevivesse...<br />
Susanna tirou cabelo da testa suada de Finn.<br />
“Você está com muita dor?”