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E apesar de aquele ser seu momento de coragem e sinceridade, ela repentinamente não conseguiu<br />

mais sustentar o olhar de Bram. Susanna baixou os olhos para o galão dourado do novo casaco<br />

vermelho dele, e ficou passando o dedo pelo ornamento. Mostrando afeto com seu toque.<br />

“Não estou bem certa do que dizer. Não tenho experiência com essas coisas. Eu lhe diria que você é<br />

o homem mais corajoso, o melhor que conheço. Mas considerando o pequeno número de homens<br />

que conheço, o elogio não parece grande coisa.” Ela finalmente buscou forças em suas reservas e<br />

ergueu o rosto para encará-lo. “Então vou lhe dizer apenas que amo você. Eu o amo, Bram. Quero<br />

que todos vejam, e quero que você saiba… que agora faz parte deste lugar. Não importa aonde o<br />

dever o leve, Spindle Cove sempre vai estar aqui para você. Assim como eu.”<br />

Ele pôs os dois braços ao redor dela, puxando-a contra seu peito.<br />

“Sua mulher linda e ousada.”<br />

Então ele ficou quieto, apenas olhando para ela pelo que pareceram séculos. Nós se multiplicavam<br />

no estômago de Susanna a cada segundo que passava.<br />

Ela engoliu em seco.<br />

“Você não tem mais nada para dizer?”, perguntou Susanna.<br />

“‘Aleluia’ é o que me ocorre. Além disso…” Ele fez um carinho no rosto dela. “Será que isso<br />

significa que, se eu a pedir em casamento agora, talvez você não faça aquela cara de enterro?”<br />

“Experimente.”<br />

E então um sorriso – grande, infantil, sem pudor – abriu-se no rosto dele. Era um sorriso diferente<br />

de todos os outros que ela tinha visto Bram exibir, e que definia o formato da alegria plena. Ela sentiu<br />

que refletia aquele sorriso em seu próprio rosto.<br />

Ele colocou um dedo sob o queixo dela.<br />

“Susanna Jane Finch, vo…”<br />

“Susanna Jane Finch. O que está acontecendo aqui?” A voz familiar assustou os dois.<br />

Papai.<br />

Ela dominou o impulso de se esconder, ou de fugir do abraço de Bram. Tarde demais para tudo<br />

isso, e não havia necessidade, de qualquer modo. Ela não esconderia de seu próprio pai o que estava<br />

tão ansiosa para compartilhar com o mundo.<br />

Ainda sorrindo, ela pegou a mão de Bram na sua e virou-se para encarar o pai.<br />

“Papai, estou tão feliz que o senhor esteja aqui.”<br />

Mas a expressão de seu pai não parecia de felicidade. Enquanto se aproximava deles, atravessando<br />

o salão em movimentos lentos, compassados, ele parecia, na melhor das hipóteses, desconfiado. Sir<br />

Lewis observou as decorações ainda pela metade do aposento, enquanto caminhava. Os empregados<br />

de Summerfield colocaram-se em movimento. Em um instante, foi retomada a agitação de móveis<br />

mudando de lugar e de enfeites sendo pendurados. Kate voltou a tocar seus acordes.<br />

Susanna mordeu o lábio.<br />

“É o salão, papai? Eu sei que a coisa toda parece um caos no momento, mas espere até amanhã.<br />

Tudo vai estar perfeito.”<br />

“Não estou preocupado com amanhã.” Seus olhos azuis fixaram-se em Bram.<br />

Susanna sentiu, de repente, que devia proteger o homem a seu lado. Ela pegou o braço de Bram.<br />

“Papai, estávamos apenas dançando.”<br />

“Apenas dançando?” Sir Lewis arqueou uma sobrancelha.<br />

“Tem razão. Não se trata apenas de dança, é mais do que isso. Sabe, eu e Bram tornamo-nos muito<br />

próximos nas últimas semanas, e…” Ela lançou um olhar para Bram. “Eu o amo.” Ela ficava muito<br />

feliz só de falar aquilo. Ela não queria mais parar. “Eu o amo, papai. De verdade.”<br />

Seu pai olhou para o chão e soltou um suspiro longo e calculado. Ela olhou para ele, estranhando a<br />

atitude. Como alguém poderia suspirar num momento daqueles?

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