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Fim da história. Esse era o problema, não? Talvez ela não entrasse em pânico com a ideia de casar<br />
com Bram – na verdade, a possibilidade poderia deixá-la estonteantemente feliz –, se ele enxergasse<br />
o casamento como o começo de uma história. Uma história que incluísse amor, um lar e uma família,<br />
e que terminasse com as palavras “e viveram felizes para sempre”.<br />
Mas não era o caso, como as palavras seguintes de Bram deixaram claro.<br />
“Vai ser vantajoso para você, pode acreditar. Se nos casarmos antes de eu voltar para a guerra,<br />
você ficará livre para fazer o que quiser. Você será Lady Rycliff e poderá continuar seu trabalho<br />
como condessa. Isso só ajudará a reputação da vila.” Como vantagem adicional, ele disse, olhando<br />
para o mata-borrão sobre a escrivaninha: “Eu tenho dinheiro. Bastante. Você será bem cuidada”.<br />
“Que prático”, murmurou ela. Fazia muitos anos desde que Susanna sonhava acordada com<br />
pedidos de casamento, mas ela lembrava bem que nenhuma das propostas que tinha imaginado soava<br />
como aquela.<br />
Susanna andou até ficar diante dele, em frente à escrivaninha do pai. Ela colocou as duas mãos na<br />
borda de madeira trabalhada e se ergueu, de modo a ficar sentada na escrivaninha, com as pernas<br />
balançando.<br />
“Não tenho falta de dinheiro. E também não me falta influência social. Contudo, se continuar com<br />
seu plano tonto esta manhã, você pode acabar sem pulsação.” Ela ergueu suas mãos à altura dos<br />
ombros. “Em cada aposento desta casa há armamentos mortais. Você deve saber que há uma grande<br />
chance de meu pai matar você.”<br />
Se ele não tiver um surto de apoplexia primeiro.<br />
Bram deu de ombros.<br />
“Se eu fosse ele, também iria querer me matar.”<br />
“E mesmo que não o faça”, continuou ela, “ele poderia arruinar você. Privá-lo de todas as suas<br />
honras e insígnias. Fazer com que seja rebaixado a soldado raso.”<br />
Ele não respondeu de imediato. Rá. Então aquele argumento causava alguma preocupação.<br />
“Pense no seu comando, Bram. E, por favor, pare de ser tão malditamente cavalheiresco, ou eu…”<br />
Ela gesticulou furiosamente na direção do sarcófago de alabastro. “Ou eu vou enfiar você naquele<br />
caixão e fechar a tampa.”<br />
“Quando você fala desse jeito”, ele enrugou a testa, “sabia que só consegue me fazer querer você<br />
ainda mais?”<br />
Ele deu um passo adiante, aproximando-se. Perto demais...<br />
“Não se trata apenas de uma atitude cavalheiresca.” A voz dele era um sussurro, excitante. A mão<br />
dele roçou a perna dela, e o desejo percorreu-a como um relâmpago. “Você deve saber disso. O que<br />
fizemos ontem à noite? Quero fazer de novo. E de novo. E de novo. Selvagemente. Docemente. E de<br />
todas as formas entre esses extremos.”<br />
Um suspiro comprido e lânguido escapou dos lábios de Susanna. Aquelas palavras, apenas,<br />
bastaram para deixá-la toda quente e rosada. Como tinha sido idiota de pensar que um gostinho de<br />
paixão a satisfaria por toda a vida. Ela teria fome daquele homem enquanto vivesse.<br />
Bram se inclinou para beijá-la, mas ela colocou a mão em seu peito, preservando a distância entre<br />
os dois, mas também mantendo contato. Apreciando a sensação forte, máscula, da pele dele sob seu<br />
toque.<br />
“Bram”, disse ela, engolindo em seco, “desejo não é um bom motivo para se casar.”<br />
Ele parou para refletir.<br />
“Acho que essa é a razão pela qual a maioria das pessoas casa.”<br />
“Não somos a maioria das pessoas.” Ela franziu a testa enquanto pensava em uma forma de fazê-lo<br />
entender. “Isso pode parecer bobo de dizer, depois de tudo o que aconteceu entre nós, mas eu… eu<br />
gosto de você.”