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Exasperada, ela disse em voz alta:<br />

“Eu não sei.”<br />

Ele provocou sua orelha com a respiração.<br />

“Nós podemos esquentar um ao outro.”<br />

Ela soltou uma exclamação de frustração e o empurrou.<br />

“Sério, por favor. Nós temos um motivo para estar aqui.”<br />

“Acredite, eu sei o motivo pelo qual estou aqui. É você.”<br />

“Não. O motivo é seu joelho.”<br />

“Meu joelho?”<br />

“Isso. Eu sei que está atormentando você. E para aguentar essas próximas semanas, você precisa<br />

cuidar dele direito. E se você está decidido a retomar um comando de campo depois disso… Bem,<br />

também estou decidida a mandá-lo embora com o máximo de força e energia possível.”<br />

“Eu sou forte.” Seu orgulho havia sido ferido. “E você deveria saber que tenho energia abundante.”<br />

Com um gesto de pouco caso, ela se afastou. Susanna deu várias braçadas até uma rocha próxima e<br />

pegou alguma coisa. Pela maneira como o objeto misterioso sacudiu, ele imaginou que fosse algum<br />

tipo de corrente. Quando ela voltou, carregando-o pela superfície da água, Bram viu o brilho<br />

metálico ao luar.<br />

“O que é isso?”, perguntou ele, espiando. “Algum tipo de instrumento medieval de tortura?”<br />

“Sim. É exatamente isso.”<br />

“Deus. Eu estava brincando, mas você não está, certo?”<br />

“Não, eu peguei emprestado da coleção do meu pai. É uma tornozeleira com uma bola presa. Bem<br />

pesada. Pegue.” Ela colocou a bola nas mãos dele.<br />

“Você tem razão”, disse Bram, a voz repentinamente tensa. “É bem pesada.”<br />

Susanna pegou uma chave no cordão que trazia pendurado no pescoço. Através de tentativa e erro,<br />

ela conseguiu encaixar a chave na fechadura da tornozeleira de ferro. As duas metades abriram como<br />

uma concha.<br />

“Isto aqui é preso no seu tornozelo, está vendo?”, disse ela. “Apoie-se na perna boa e erga a<br />

machucada para eu prender esta coisa.”<br />

“Agora espere um pouco. Deixe-me ver se entendi bem. Você me faz vir para este mar gelado,<br />

nu…”<br />

“Não pedi para você ficar nu.”<br />

“E agora propõe me acorrentar.”<br />

“Só no sentido literal.”<br />

“Sim. É o sentido literal que me preocupa. Ser literalmente acorrentado pela perna é ruim o<br />

bastante; não são necessárias metáforas. Depois que você me tiver acorrentado e preso, como vou<br />

saber que não vai me deixar aqui para congelar durante a noite toda e ser destroçado de manhã pelas<br />

gaivotas?”<br />

Ela tirou o cordão com a chave do pescoço e o transferiu para o de Bram.<br />

“Tome. Você pode ficar com a chave. Isso faz você se sentir melhor?”<br />

“Na verdade, não. Eu ainda não entendo o propósito disso.”<br />

“Vai entender logo. Apenas erga a perna.”<br />

Ele obedeceu e inclinou a cabeça para olhar o céu noturno. Não havia nada como um céu cheio de<br />

estrelas para fazer um homem aceitar sua humildade. Como foi mesmo que ele chegou àquele ponto?<br />

Ele estava aceitando ordens de uma solteirona, disposto a se submeter aos instrumentos medievais de<br />

tortura dela. E ela nem estava nua.<br />

“Você nunca poderá contar sobre isto a ninguém”, disse ele. “Estou falando sério, Susanna. Vou<br />

negar até o túmulo. Isso acabaria com a minha reputação. Para sempre.”

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