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vermelho-escuro em forma de coração obscurecia boa parte de sua têmpora direita e entrava por<br />
baixo do cabelo.<br />
Que pena, aquilo. Uma moça tão bonita...<br />
Como se lesse seus pensamentos, a Srta. Finch olhou enviesado para ele.<br />
“A Srta. Taylor é uma das minhas amigas mais queridas”, disse Susanna. “Não sei se conheço<br />
pessoa mais gentil ou bonita.”<br />
A voz dela estava cortante como uma espada, que ela manejava com precisão cirúrgica.<br />
Não magoe minha amiga, foi o recado.<br />
Ah... Aquilo explicava tudo: o estranho estado das coisas naquela vila e a resistência de Susanna<br />
contra a milícia. A Srta. Finch se julgava protetora daquele pequeno grupo de esquisitices femininas e<br />
a seus olhos, Bram – e qualquer homem de sangue quente – era considerado inimigo.<br />
Interessante... Bram respeitava a intenção dela, até mesmo admirava. Sem dúvida ela se considerava<br />
uma solucionadora de problemas, mas as contas dela precisavam de uma correção fundamental. Não<br />
se podia simplesmente retirar os homens da equação. Proteger aquele lugar era dever de um homem<br />
– de Bram, especificamente. E Susanna complicava as coisas com sua ninhada de patinhos feios.<br />
E para falar de esquisitices, uma jovem de óculos substituiu a Srta. Taylor como centro das<br />
atenções. A garota não se sentou ao piano, nem portava outro instrumento musical. Ela carregava<br />
uma caixa de curiosidades que começou a circular entre as outras mulheres, cuja falta de interesse era<br />
visível. Bram inclinou a cabeça. Pelo que podia ver, aqueles tesouros pareciam ser… pedaços de<br />
terra. Isso explicava a perplexidade geral.<br />
“O que diabos essa garota está fazendo?”, murmurou Colin, enquanto mastigava seu terceiro<br />
pedaço de bolo de sementes. “Parece que ela está dando uma palestra sobre terra.”<br />
“Essa é Minerva Highwood”, disse Susanna, com o mesmo tom afiado. “Ela é uma geóloga.”<br />
Colin achou graça.<br />
“Isso explica os quinze centímetros de lama na bainha do vestido dela.”<br />
“Ela veio passar o verão com a mãe e as duas irmãs, Srtas. Diana e Charlotte.” Susanna indicou um<br />
grupo de mulheres com cabelos claros em uma mesa próxima.<br />
“Ora, ora”, murmurou Colin. “Essas são interessantes.”<br />
Outra jovem se levantou para ir até o piano. Colin se afastou da mesa e se sentou no lugar que<br />
acabava de ficar vago, que por acaso era ao lado de Diana Highwood.<br />
“O que ele está fazendo?”, perguntou Susanna. “A Srta. Highwood está em convalescência. Espero<br />
que seu primo não pretenda…” Ela começou a se erguer da cadeira.<br />
Lá ia Susanna novamente, toda protetora... Ele a segurou com a mão.<br />
“Não ligue para ele. Deixe que eu cuido do meu primo. Agora nós estamos conversando. Você e<br />
eu.”<br />
Enquanto ela se sentava, Bram chutou a perna da cadeira, virando-a para que Susanna tivesse que<br />
olhar para ele. Ela olhou para a mão com que ele tocava seu punho enluvado. Apenas para<br />
constranger os dois, Bram manteve a mão ali. O cetim esquentou sob seus dedos. A fileira de botões<br />
era tentadora.<br />
Droga, tudo nela era tentador.<br />
Bram fez um esforço para soltá-la.<br />
“Deixe-me ver se a estou entendendo, Srta. Finch. Você reuniu uma colônia de mulheres solteiras,<br />
depois afastou ou castrou todos os homens de Spindle Cove. Mas ainda assim, não sente falta de<br />
nada.”<br />
“De nada. Na verdade, creio que nossa situação é a ideal.”<br />
“Você percebe como isso parece…”<br />
Ela inclinou a cabeça, compassiva.