You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Capítulo Seis<br />
“Desculpe, primo.” Colin bateu a mão no ombro de Bram quando eles entraram no<br />
estabelecimento. “Eu sei que você odeia quando eu estou certo.”<br />
Bram observou a cena. Nada de chão grudento, sem cantos escuros e úmidos, sem homens.<br />
O que ele viu foram diversas mesas com toalhas adamascadas brancas. Em cima de cada uma, um<br />
vaso de cerâmica com flores silvestres frescas, e, ao redor delas, sentava-se um grupo de moças. No<br />
total, deviam ser umas vinte. Bem-vestidas, com laços e, em alguns casos, óculos. E pareciam<br />
surpresas pelo surgimento dos homens.<br />
A música do piano morreu súbita e rapidamente. Então, como se orquestradas, as garotas<br />
voltaram-se ao mesmo tempo para o centro do salão, obviamente procurando orientação de sua líder:<br />
Srta. Susanna Finch.<br />
Bom Deus. A Srta. Finch era a abelha-rainha da colmeia das solteironas? Seu cabelo de bronze<br />
derretido era um lampejo de beleza indômita em meio à beleza comum do resto do ambiente. E suas<br />
sardas desalinhadas não combinavam com aquela serenidade organizada. Apesar de ter toda a<br />
intenção de permanecer indiferente, Bram sentiu seu sangue esquentar até chegar a uma fervura<br />
incontrolável.<br />
“Ora, Lorde Rycliff. Lorde Payne. Cabo Thorne. Que surpresa.” Ela se levantou da cadeira e fez<br />
uma reverência. “Não querem se juntar a nós?”<br />
“Vamos! Pelo menos vamos comer...”, murmurou Colin. “Onde duas ou mais mulheres se reúnem<br />
deve haver comida. Tenho certeza de que isso está na Bíblia.”<br />
“Sentem-se.” A Srta. Finch apontou para eles uma mesa com cadeiras vazias, junto à parede.<br />
“Você é nosso homem de infantaria.” Colin empurrou o primo para frente. “Você primeiro.”<br />
Bram relaxou e caminhou até uma cadeira vazia, abaixando-se para evitar as vigas do teto,<br />
sentindo-se o proverbial elefante na loja de louça. À volta dele, mulheres frágeis seguravam xícaras<br />
quebradiças em suas mãos delicadas. Elas acompanhavam os movimentos deles com olhos<br />
arregalados em seus rostos de porcelana. Bram desconfiou que, se fizesse um movimento repentino,<br />
poderia destruir toda aquela cena.<br />
“Vou pegar bebidas para vocês”, disse Susanna.<br />
Ah, não. Ela não iria deixá-lo sozinho no meio de toda aquela delicadeza. Bram puxou a cadeira e a<br />
segurou para ela.<br />
“Meu primo pode fazer isso. Sente-se, Srta. Finch.”<br />
Um brilho de surpresa faiscou em seu rosto, enquanto ela sentava. Bram pegou a cadeira ao lado<br />
para si. Após suas observações matutinas e os avisos sinistros de Colin, ele percebeu que algo de<br />
muito estranho estava acontecendo naquela vila... E o que quer que fosse, a Srta. Finch iria se sentar e<br />
explicar para ele.<br />
Claro, assim que ela sentou ao seu lado, Bram percebeu que sua capacidade de concentração<br />
diminuiu imediatamente. O tamanho exíguo da mesa os obrigava a ficar muito próximos, com o<br />
ombro dela roçando seu braço. A partir disso era fácil demais imaginar outras formas agradáveis de<br />
fricção. Lembrar da sensação do corpo dela sob o seu.<br />
A música recomeçou. Uma xícara de chá apareceu sobre a mesa.<br />
Ela se aproximou, banhando-o com seu aroma de estufa.