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“Não sei. Mas não vai acontecer novamente.”<br />

Susanna olhou de forma enviesada para ele.<br />

“É claro que não. Não pode acontecer.”<br />

“Você precisa ficar longe de mim”, disse Bram. “Mantenha distância.”<br />

“Nossa, claro!” As palavras dela saíram apressadamente. “Vou manter muita distância. Vou ficar<br />

longe de você. E você mantenha seus homens longe das minhas garotas, certo?”<br />

“Perfeitamente. Estamos combinados, então.”<br />

“Ótimo.” Os dedos trêmulos de Susanna tiveram trabalho para abotoar novamente as luvas.<br />

“Quer ajuda com isso?”<br />

“Não”, respondeu ela, incisiva.<br />

“Você…” Ele pigarreou. “Pretende contar sobre isso ao seu pai?”<br />

“Sobre isso?” Ela olhou para ele, horrorizada. “Céus, claro que não. Está louco? Ele nunca poderá<br />

saber disso.”<br />

Uma onda de emoção passou por ele, e se foi antes que Bram pudesse identificá-la. Alívio<br />

profundo, ele supôs.<br />

“É só que… você falou nele. Antes...”<br />

“Falei?” Ela franziu a testa. “Falei. Não fale com meu pai, era o que eu queria dizer. Não fale a<br />

respeito de hoje, nem de nada. Quando ele propôs essa coisa da milícia eu pensei que fosse apenas<br />

uma exibição, mas depois de ver tudo isso…” Ela voltou os olhos para o armamento. “Por favor, não<br />

o inclua nisto. Ele pode querer se envolver, mas você não deve permitir. Ele está ficando velho e sua<br />

saúde já não é a mesma. Não tenho nenhum direito de pedir qualquer coisa a você, mas isso eu<br />

preciso pedir.”<br />

Ele não saberia como recusar.<br />

“Muito bem. Você tem minha palavra.”<br />

“Então você tem meu muito obrigada.”<br />

E aquilo foi tudo o que Bram conseguiu dela. Pois com aquelas poucas palavras, ela se virou e foi<br />

embora.<br />

Naquela noite, como acontecia na maioria das noites, Susanna jantou sozinha.<br />

Após o jantar, ela se vestiu para dormir. Sabendo que não conseguiria, ela escolheu um livro; um<br />

texto médico pesado, soporífero. Ela tentou ler, mas fracassou terrivelmente. Após ficar encarando a<br />

mesma página por mais de uma hora, ela se levantou da cama e desceu até o térreo da casa.<br />

“Papai? Ainda está trabalhando?”<br />

Ela desceu os braços até a altura dos quadris e puxou o penhoar, apertando-o, e olhou para o<br />

relógio do vestíbulo, com ajuda da vela que carregava. Passava de meia-noite.<br />

“Papai?” Ela pairou sobre a entrada da oficina de seu pai, situada no térreo de Summerfield. Até<br />

poucos anos atrás, Sir Lewis usava uma casa anexa como lugar para suas experiências, mas ela o<br />

convenceu a transferir suas atividades para a casa principal na mesma época em que o convenceu a<br />

desistir das experiências de campo. Ela gostava de tê-lo por perto. Quando estava trabalhando, seu pai<br />

frequentemente ficava recluso por horas, até mesmo dias. Pelo menos dentro de casa ela conseguia<br />

ver se ele estava se alimentando.<br />

E ele não estava... Pelo menos não naquela noite. A bandeja com o jantar permanecia, intocada,<br />

sobre a mesa junto à porta.<br />

“Papai. O senhor sabe que precisa comer algo. O gênio não consegue se alimentar de ar.”<br />

“É você, Susanna?” Ele ergueu a cabeça grisalha, mas não olhou para ela. A sala estava repleta de

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