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demais crescendo dentro dela, o que só poderia ter dois motivos: raiva irracional ou…<br />
Ela nem iria considerar o “ou”. Seria raiva irracional, então.<br />
“Seu imbecil descuidado!”, exclamou ela. “Seu cérebro de molusco podre. O que estava pensando,<br />
mergulhando daquele jeito? Você não viu as rochas? Podia ter se matado!”<br />
O queixo dele estremeceu.<br />
“Eu também poderia perguntar o que você estava fazendo, nadando nesse traje medonho. Você<br />
podia ter sido arrastada para baixo da água, como Ofélia, e morrido afogada.”<br />
“Eu nadei até aqui para salvar você, seu animal. Sou uma nadadora muito boa.”<br />
“Eu também sou bom nadador. Não preciso de resgate.”<br />
Ela virou a cabeça e cuspiu mais um tanto de água marinha.<br />
“Vai precisar quando eu acabar com você.”<br />
Abaixo da superfície da água, algo tocou sua cintura. Um peixe? Uma enguia? Ela bateu no ser,<br />
rodopiando.<br />
“Calma. Sou eu.” O braço dele envolveu sua cintura e a puxou para perto. Os dois afundaram na<br />
água até o pescoço. Nadando com apenas um braço, ele a puxou para entre duas rochas.<br />
“O que você pensa que está fazendo?”<br />
Ele olhou para o alto da falésia.<br />
“Conseguindo um pouco de privacidade para nós. Precisamos conversar.”<br />
“Aqui? Agora? Não poderíamos conversar em lugar e momento mais apropriado?”<br />
“Esse é o problema.” Ele passou a mão por seu cabelo escuro e molhado. “Não consigo parar de<br />
pensar em você. O tempo todo. Em todos os lugares. Eu tenho um trabalho a fazer aqui. Homens para<br />
treinar. Uma vigília para organizar. Um castelo para defender. Mas não consigo nem mesmo me<br />
concentrar, por que fico pensando em você.”<br />
Ela olhou para ele. Como? Era essa a conversa que ele queria ter. Bem, Susanna entendia por que<br />
ele não podia ir visitá-la em casa e puxar o assunto durante o chá.<br />
“Diga-me o que é isso, Susanna, mas lembre-se de que está falando com um homem que pode<br />
marchar duzentos quilômetros a mais só para evitar um envolvimento romântico.”<br />
“Envolvimento?”, Ela forçou uma risada casual, uma fileira de ha ha has nada convincentes. “Um<br />
barril de piche quente não bastaria para me envolver com você.”<br />
Ele balançou a cabeça, parecendo perplexo.<br />
“Eu gosto até mesmo quando você me ataca.”<br />
“Você me viu com a arma. Se eu realmente atacasse você, prometo que iria doer. E você não<br />
gostaria nem um pouco.” Tinha de escapar daquela situação e também dos grandes e musculosos<br />
braços de Bram. Ela se debateu, mas ele apenas a segurou mais apertado.<br />
“Você não vai escapar. Ainda não.” A voz grave dele enviou vibrações através da água. “Nós<br />
vamos resolver isto agora, você e eu. Bem aqui... Agora... Vou lhe contar cada pensamento maluco,<br />
erótico, depravado que você me inspirou, e então você vai voltar para casa correndo, assustada. Vai<br />
trancar a porta do quarto e ficar lá por um mês, para que eu possa me concentrar e fazer meu maldito<br />
trabalho.”<br />
“Esse parece um plano muito mal pensado.”<br />
“Ultimamente pensar não tem sido meu ponto forte.”<br />
A percepção daquele clima sensual… oh, era perigoso. Ela podia aprender a gostar daquela<br />
situação. Para ser honesta, já estava gostando, mas podia aprender a desejá-la, o que tornaria difícil<br />
seu futuro solitário. Ela sabia que Bram precisava de um pouco de contato físico, o que devia ter lhe<br />
faltado durante muito tempo, talvez devido à guerra. Mas no máximo ele tinha em mente um enlace<br />
frenético de corpos, não uma fusão de corações e almas.<br />
“Eu quero você”, disse ele, simples, clara e descontroladamente.