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longa e lenta. Sentir-se confinada em seu próprio corpo, frustrada com suas limitações. E eu sei<br />

como é ansiar por intimidade, Bram. Você não precisa me atacar sempre que quiser ser tocado. Ou<br />

abraçado.”<br />

Ela passou os braços ao redor dele. Bram ficou em silêncio sobre ela, e Susanna soube reconhecer<br />

o momento de medo. Ela queria dar o mesmo consolo que ele havia lhe dado, mas Susanna receava<br />

fazer tudo errado. Com os dedos trêmulos, ela passou a mão levemente pela coluna dele.<br />

“Isso.” Ele expirou no pescoço dela. “Isso, toque-me. Assim mesmo.”<br />

Ela o acariciou, então, com as duas mãos, passando-as pelas costas dele com movimentos suaves e<br />

tranquilos.<br />

“Susanna?”, disse ele, depois de alguns minutos.<br />

“Sim?”<br />

“Estou me sentindo estranho. Não consigo erguer a cabeça.”<br />

“São os remédios. Estão começando a fazer efeito.”<br />

“Su-san-na”, Bram meio que sussurrou, meio que cantou, com uma voz arrastada de bêbado.<br />

“Linda Susanna com o cabelo atrevido.” Quando ela riu, ele pressionou a testa contra a artéria que<br />

pulsava. “Essa é a palavra perfeita para você, atrevida. Sabe por quê? Porque seu cabelo é provocante,<br />

com essas cascatas de bronze derretido. Todo vermelho, dourado e brilhante. E você também é<br />

destemida, provocante e atrevida.”<br />

“Eu tenho tantos medos.” O coração dela pulava como uma lebre.<br />

“Você não tem medo de mim. No primeiro dia, quando nos conhecemos. Naqueles poucos<br />

segundos após a explosão… você estava debaixo de mim, deste mesmo jeito. Macia. Quente. O lugar<br />

perfeito para eu aterrissar. E você confiou em mim. Pude ver nos seus olhos. Você confiou que eu<br />

protegeria você.”<br />

“Você me beijou.”<br />

“Não pude evitar. Tão linda...”<br />

“Silêncio.” Ela virou a cabeça para calá-lo com um beijo. O coração dela não aguentava mais. O<br />

sabor leve e narcotizante do láudano continuava nos lábios de Bram. “Descanse.”<br />

“Eu teria garroteado aqueles médicos”, murmurou ele. “E a seus parentes também. Nunca teria<br />

deixado que machucassem você.”<br />

Ela não conseguiu evitar de rir diante daquelas doces promessas de violência, oferecidas como um<br />

ramalhete de flores carnívoras.<br />

“Acho que eles queriam mesmo ajudar”, disse ela. “Meus parentes, eu quero dizer. Eles só não<br />

sabiam o que fazer. Olhando para trás, sei que representei um desafio. Eu era muito estranha e<br />

obstinada. Eu não tinha nada de uma dama. Eles costumavam me fazer copiar páginas de um livro<br />

horrível, insípido, A Sabedoria da Sra. Worthington para Moças. Oh, Bram, você riria tanto disso.”<br />

Ele ficou quieto por um longo momento. Então seu peito tremeu – não com uma risada, mas com<br />

um ronco alto e ressonante.<br />

Ela riu de si mesma e, ao mesmo tempo, derramou lágrimas quentes de seus olhos. Em seu sono,<br />

Bram passou um braço protetor ao redor dela. O abraço dele parecia ser a coisa mais segura do<br />

mundo.<br />

Talvez ela pudesse confiar que ele tomaria conta dela. Ele era forte, tinha princípios, e ela não<br />

duvidava de que ele arriscaria a própria vida para mantê-la a salvo, pelo menos seu corpo. Mas ele<br />

não poderia fazer promessas de proteger seu coração.<br />

E, em seu coração, Susanna temia e sentia que já estava caindo... Mergulhando de cabeça em um<br />

mundo de dores.

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