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A mirada do outro - Educación en valores

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A INEVITÁVEL ESPANHA EM NARRATIVAS DE TEXTOS ESCOLARES<br />

NO TEMPO DO ESTADO NOVO<br />

António Gomes Ferreira<br />

Ana maria Parracho Brito<br />

Universidade de Coimbra<br />

A existência de um país pode bem comparar-se à de um indivíduo. Nasce<br />

num determina<strong>do</strong> mom<strong>en</strong>to, evolui, tem crises mais ou m<strong>en</strong>os marcantes, des<strong>en</strong>volve<br />

laços de amizade ao longo <strong>do</strong> seu percurso em conformidade com os<br />

seus interesses, possui a sua cultura, cultiva uma imagem de si, ost<strong>en</strong>ta e administra<br />

a riqueza que alcançou, impõe-se ou submete-se a <strong>outro</strong>s, relaciona-se com<br />

quem pode e, quase sempre, tem vizinhos com quem se <strong>en</strong>t<strong>en</strong>de ou não. No caso<br />

de Portugal e de Espanha, pode-se imaginá-los como vizinhos e par<strong>en</strong>tes, que,<br />

nuns mom<strong>en</strong>tos, convivem e, n<strong>outro</strong>s, se zangam. No perío<strong>do</strong> que abordamos,<br />

as relações <strong>en</strong>tre os <strong>do</strong>is países passaram exactam<strong>en</strong>te por fases de maior compre<strong>en</strong>são<br />

e colaboração e por outras de indifer<strong>en</strong>ça, desconfiança e desav<strong>en</strong>ça.<br />

Com o fim da 1ª República portuguesa, em consequência <strong>do</strong> golpe de Esta<strong>do</strong><br />

militar de 28 de Maio de 1926, foi possível alcançar-se um <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to <strong>en</strong>tre<br />

Portugal e a Espanha facilita<strong>do</strong> pelas afinidades políticas <strong>en</strong>tre os <strong>do</strong>is governos,<br />

ambos nacionalistas e autoritários, depois de o relacionam<strong>en</strong>to <strong>en</strong>tre os <strong>do</strong>is países<br />

ter atravessa<strong>do</strong> dificuldades provocadas pelo des<strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to <strong>en</strong>tre o regime<br />

republicano português e o regime monárquico exist<strong>en</strong>te no país vizinho.<br />

Todavia, a cordialidade das relações <strong>en</strong>tre os <strong>do</strong>is países durante os finais <strong>do</strong>s<br />

anos 20, confirmada por <strong>en</strong>contros de alto nível, foi interrompida com o adv<strong>en</strong>to<br />

da 2ª República espanhola, sobretu<strong>do</strong>, <strong>en</strong>quanto prevaleceu a linha radical no<br />

controlo da situação política em Espanha já que apoiou declaradam<strong>en</strong>te a oposição<br />

portuguesa na convicção de que a sobrevivência da república dep<strong>en</strong>dia da<br />

uniformização política nos <strong>do</strong>is países e duma unificação ibérica inspirada nos<br />

princípios da democracia.<br />

A partir <strong>do</strong> fim <strong>do</strong> ano de 1933, com uma ori<strong>en</strong>tação política mais moderada<br />

em Espanha, voltou a ser possível o <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to <strong>en</strong>tre os <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s da<br />

P<strong>en</strong>ínsula, chegan<strong>do</strong> a estar previsto a assinatura dum trata<strong>do</strong> de amizade e nãoagressão<br />

que se não concretizaria, em virtude das eleições de Fevereiro de 1936<br />

terem possibilita<strong>do</strong> o regresso à liderança da linha radical e, nomeadam<strong>en</strong>te, de<br />

Manuel Azaña. Não tar<strong>do</strong>u, no <strong>en</strong>tanto, que a Espanha visse a sua situação política<br />

<strong>en</strong>trar em ebulição e, com o arranque da revolução e o golpe falha<strong>do</strong> de<br />

Franco contra a República, em Julho desse mesmo ano, s<strong>en</strong>tisse deflagrar uma<br />

guerra civil no seu seio. Em face <strong>do</strong> conflito que se instaurou no país vizinho,<br />

NACIONALISMOS DE ESTADO<br />

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