06.05.2013 Views

A mirada do outro - Educación en valores

A mirada do outro - Educación en valores

A mirada do outro - Educación en valores

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A MIRADA DO OUTRO<br />

36<br />

A escola desemp<strong>en</strong>hava um papel importante para conseguir a socialização<br />

de to<strong>do</strong>s os portugueses e a sua integração cultural, na perspectiva de uma conformidade<br />

social e da normalização <strong>do</strong>s comportam<strong>en</strong>tos. O objectivo principal<br />

era formar o homem novo, o cidadão eleitor, consci<strong>en</strong>te e prepara<strong>do</strong> para<br />

a interv<strong>en</strong>ção política e a vida em democracia. O regime tinha consciência da<br />

necessidade de garantir a sua sobrevivência e consolidação, substituin<strong>do</strong> uma<br />

visão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> católica, com que estava em ruptura, por uma visão laica,<br />

escorada em cultos cívicos que convocassem a memória <strong>do</strong>s grandes feitos<br />

pátrios e <strong>do</strong>s heróis exemplares, porta<strong>do</strong>res de <strong>valores</strong> que eram os da jovem<br />

república – o patriotismo ocupava um lugar c<strong>en</strong>tral neste ideário.<br />

A função integra<strong>do</strong>ra conferida à escola fez da pátria o eixo de referência<br />

fundam<strong>en</strong>tal para a formação <strong>do</strong>s cidadãos; em consequência, os mom<strong>en</strong>tos de<br />

consolidação da id<strong>en</strong>tidade nacional construíram-se contra uma Espanha que,<br />

frequ<strong>en</strong>tem<strong>en</strong>te, pela proximidade geográfica e pelas acções des<strong>en</strong>volvidas,<br />

constituiu um perigo para a indep<strong>en</strong>dência portuguesa. Os livros escolares veicularam<br />

essa dim<strong>en</strong>são patriótica e a perspectiva que apres<strong>en</strong>taram sobre a<br />

Espanha ficou prisioneira da natureza maniqueísta e redutora subjac<strong>en</strong>te a essa<br />

visão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> – perante “nós”, os portugueses, que se afirmavam como constituin<strong>do</strong><br />

uma pátria indep<strong>en</strong>d<strong>en</strong>te, os “<strong>outro</strong>s” que partilhavam o espaço ibérico<br />

constituíam uma unidade indifer<strong>en</strong>ciada e quase sempre hostil. Será<br />

necessário procurar em <strong>outro</strong>s universos republicanos, mais informa<strong>do</strong>s, reflexivos<br />

e consci<strong>en</strong>tes, a ideia e o s<strong>en</strong>tim<strong>en</strong>to de formas solidárias de convivência<br />

ibérica.<br />

IV<br />

Repres<strong>en</strong>tações de Espanha<br />

nos estu<strong>do</strong>s portugueses sobre educação e <strong>en</strong>sino,<br />

produzi<strong>do</strong>s de finais de oitoc<strong>en</strong>tos aos anos 30 <strong>do</strong> Século xx<br />

Áurea Adão 34<br />

A partir das primeiras reformas liberais de <strong>en</strong>sino (1836), grande parte da<br />

legislação que se foi produzin<strong>do</strong> reflectia concepções educativas <strong>do</strong>s países considera<strong>do</strong>s<br />

<strong>en</strong>tão como “cultos”, situa<strong>do</strong>s para lá <strong>do</strong>s Pirinéus, nomeadam<strong>en</strong>te a<br />

França, a Alemanha, a Bélgica e a Itália, não obstante ser frequ<strong>en</strong>te os parlam<strong>en</strong>tares<br />

portugueses alertarem para as consequências nefastas de uma trans-<br />

34. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!